Revista Indústria Brasileira

A nova geografia da indústria nacional EM UMA DÉCADA, CAI A CONCENTRAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE E OUTROS ESTADOS GANHAM IMPORTÂNCIA NO MAPA DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL Nos últimos dez anos, a produção industrial brasileira passou por uma importante redução da concentração regional. Essa é a principal conclu- são de estudo da Confederação Nacional da In- dústria (CNI), segundo o qual a participação da região Sudeste diminuiu 7,7% entre os biênios 2007-2008 e 2017-2018. Já as demais regiões apre- sentaram variações positivas, que vão de 1,5%, no Centro-Oeste, a 2,5%, no Sul. Apesar disso, a região Sudeste ainda responde por 54% da pro- dução industrial do país. Segundo o economista-chefe da CNI, Renato da Fonseca, o fortalecimento das outras regiões é positivo, pois, tradicionalmente, a indústria paga os melhores salários, além de impulsio- nar indústrias menores locais dentro da mesma cadeia produtiva e de alavancar outros setores, como o de serviços. Ele avalia que o fato de as outras regiões esta- rem ganhando força não significa que as indústrias da região Sudeste estejam fechando. “A industria- lização começou ali, então é esperado que, com o tempo, esse movimento se espalhe para o resto do país. O que está acontecendo é que novas unida- des estão sendo criadas em outros lugares. Trata- -se de um movimento normal”, diz. ESTADOS Com uma queda de 4,4% de participação na in- dústria, o Rio de Janeiro foi o estado que viu maior redução de seu peso relativo, seguido por São Pau- lo, que teve sua participação reduzida em 2,9%. Em sentido oposto, o crescimento da indústria extrati- va, sobretudo a mineral, fez a participação do Pará aumentar em 1,4%. Outros estados que se desta- caram foram Rio Grande do Sul, Paraná, Pernam- buco e Mato Grosso do Sul. De acordo com o especialista da CNI, entre os fatores que explicam esse movimento, além da ten- dência natural de disseminação da industrializa- ção, estão o investimento em infraestrutura e os incentivos fiscais. “Quando olhamos para a indústria extrativa, por exemplo, vemos que ela é muito influenciada pelo preço dos seus produtos (commodities) no mercado global. Um barril de petróleo que, em 2007, custava, em média, US$ 71, chegou a 2018 valendo US$ 68, tendo atingido a marca de US$ 43 em 2016. Com isso, estados que têmmaior depen- dência da extração de petróleo, como o Rio de Ja- neiro e o Espírito Santo, são os que mais sentem. Por outro lado, o preço dos minérios cresceu mui- to, o que beneficiou o Pará no mapa da produção industrial brasileira”, explica Fonseca. INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO Principal segmento industrial do país, a indús- tria de transformação foi responsável por 57% da produção brasileira no biênio 2017/18. No período analisado, a Bahia teve o maior crescimento (1,5%) por ter aumentado sua participação na produção de itens como cimento, tijolo, vidro, borracha e be- bidas. Na indústria de construção, o destaque fica por conta de Minas Gerais, que ultrapassou o Rio de Janeiro e ocupou a segunda posição com 9,7% da produção nacional, atrás de São Paulo. Apesar de a descentralização ser um aspecto po- sitivo, o economista-chefe da CNI lembra que, no geral, o setor industrial do país vem encolhendo por falta de competitividade no cenário exterior. “Tão importante quanto desenvolver outras regi- ões é avançar nas questões que travam o desen- volvimento da indústria e do país como um todo”, lembra Renato da Fonseca. ■ Os setores que mais cresceram Transformação Construção Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP) Extrativa Região Norte - 0,18 9,94 -0,71 6,61 Região Nordeste 2,84 -6,52 0,24 4,95 Região Centro-Oeste -7,46 -3,85 -3,03 -9,69 Região Sul 1,60 0,09 1,12 -0,27 Região Sudeste 3,19 0,34 2,37 -1,60 Fonte: CNI, com base em dados do Sistema de Contas Regionais (SCR) – IBGE. Variação da participação das regiões geográficas no PIB industrial do Brasil, por segmento industrial, entre os biênios 2007/2008 e 2017/2018 (%) 32 33 Revista Indústria Brasileira ▶ junho 2021 Revista Indústria Brasileira ▼ Competitividade

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