Revista Indústria Brasileira

CNI é de que o Custo Brasil retire R$ 1,5 tri- lhão por ano das empresas instaladas no país, representando cerca de 20% do Pro- duto Interno Bruto (PIB). “Para operar um negócio no Brasil, os custos são mais altos do que em outros pa- íses. Por exemplo, nossa energia elétrica é mais cara que na maioria dos outros pa- íses. Então, se sua indústria usa energia elétrica, consequentemente seu produto vai ser mais caro do que o produzido pela concorrência no mercado externo”, ex- plica o economista-chefe da CNI. “Quan- to mais longa a cadeia produtiva, maior fica esse custo no final. Por isso, no Bra- sil, é mais produtivo exportar soja em grão do que óleo de soja”, conclui. CRISE TEMPORÁRIA Além dos entraves estruturais, que há décadas dificultam o crescimento econô- mico do país, o momento demanda ações emergenciais para lidar com a crise oca- sionada pela pandemia de Covid-19. O se- tor industrial tem enfatizado que os dois cenários precisam ser combatidos simul- taneamente para que o país supere a cri- se e volte a crescer. Assim, diante do que pode ser uma terceira onda de infecções no Brasil e do endurecimento das medidas de distan- ciamento social, a CNI acredita na necessi- dade de reedição de ações que deram certo no ano passado, a exemplo do Pronampe, e pede que isso ocorra logo, de maneira que o país possa crescer o máximo possí- vel ainda este ano. A compreensão é de que se trata de uma crise momentânea, que irá diminuir à me- dida que a imunização da população au- mentar. “Existem ações emergenciais que precisam ser adotadas diante de uma cri- se temporária causada em virtude do iso- lamento. Neste momento, é preciso garan- tir que os trabalhadores tenham renda, que as empresas não quebrem e que os víncu- los empregatícios sejam mantidos”, defen- de Renato da Fonseca. Entre as ações voltadas para o enfren- tamento dos desafios relacionados à pan- demia, o documento da CNI elenca: o res- tabelecimento das linhas de crédito para capital de giro com recursos dos fundos constitucionais; o adiamento do paga- mento de tributos federais; a instituição de programa de parcelamento de débitos com a União; a isenção de tributos fede- rais e encargos setoriais incidentes so- bre a energia elétrica; e a regulamenta- ção da transação tributária de débitos do Simples Nacional. FLEXIBILIZAÇÃO TRABALHISTA Outra demanda da indústria que já foi atendida é a volta da flexibilização da le- gislação trabalhista. Visando garantir o emprego dos trabalhadores, estão nova- mente autorizadas as suspensões de con- tratos de trabalho e a redução de jornada e salário (em 25%, 50% ou 70%) por até 120 dias, com o recebimento de benefí- cio proporcional à redução. O Programa Emergencial de Manuten- ção do Emprego e da Renda (BEm) tam- bém permite a alteração de diversas leis trabalhistas, a adoção de medidas tem- porárias como home office , a antecipação de férias e feriados, a concessão de férias coletivas e o adiamento do recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Ser- viço (FGTS) do trabalhador. De acordo com Renato da Fonseca, as medidas são fundamentais para garan- tir a sobrevivência de milhares de em- presas, em especial as do setor de servi- ços, como restaurantes e hotéis, que têm sido as mais impactadas pela crise causa- da pela pandemia. Levantamento realiza- do pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em abril de 2021 mostrou que 91% dos estabelecimentos do setor não conseguiram pagar os salá- rios dos seus colaboradores. No início do ano, o índice era de 14%. ■ ◀ O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, defendeu uma reforma tributária ampla no evento que contou com a presença dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM- MG) ▶ “É preciso ter equidade tributária”, diz Renato da Fonseca, economista- chefe da CNI 30 31 Revista Indústria Brasileira ▶ junho 2021 Revista Indústria Brasileira ▼ Competitividade

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