Revista Indústria Brasileira

elementos que introduzem riscos e incer- tezas”, diz Frischtak. Para ele, também é importante uma modelagem no programa de concessões. “Dou o exemplo da Fiol (Ferrovia de Inte- gração Oeste-Leste), um projeto desafia- dor e sobre o qual existem dúvidas, se vai poder ou não seguir adiante. O grande de- safio não é completar a linha férrea, mas construir o porto em Ilhéus (BA), devido aos riscos ambientais e à complexidade da obra", explica o consultor. A Fiol pre- tende interligar as Regiões Norte (Tocan- tins), Nordeste (Maranhão) e Centro-Oes- te (Goiás) ao porto de Ilhéus (BA). Segundo ele, esse é um projeto caro e há dúvida de que, mesmo com o minério de fer- ro a US$ 200 por tonelada, o porto seja viá- vel. “Nesse aspecto, acho que devemos ter muito cuidado com projetos que não são vi- áveis, que não ficam em pé do ponto de vis- ta financeiro, mas que o governo tem abra- çado para licitar”, alerta. O trecho 1 da Fiol, de 537 quilômetros entre Ilhéus e Caetité, na Bahia, foi leiloado em abril por R$ 32,7 mi- lhões. A concessão vai durar 35 anos, com investimentos de R$ 3,3 bilhões. INVESTIMENTOS EM FERROVIAS A estimativa do Ministério da Infraestru- tura é de que esses investimentos vão con- tribuir para a criação de 55 mil empregos di- retos e indiretos e para o aumento de renda da população ao longo da concessão. A ex- pectativa é de que o trecho 1 da Fiol come- ce a operar em 2025, transportando mais de 18 milhões de toneladas de carga por ano, cujo principal produto deverá ser o minério de ferro produzido na região de Caetité. Em dez anos, prevê o governo, esse volume vai mais do que dobrar, superando 50 milhões de toneladas em 2035. Além de minério de ferro, a ferrovia será usada para o transporte de alimentos pro- cessados, cimento, combustíveis, soja em grão, farelo de soja, manufaturados, pe- troquímicos e outros minerais. A operação inicial contará com 16 locomotivas e 1.400 vagões, dos quais 1.100 serão destinados apenas para o escoamento de minério de ferro. Com o aumento da demanda, a ex- pectativa é chegar a 34 locomotivas e 2.600 vagões em dez anos. Até 2025, os investimentos para ampliar a malha ferroviária no país, por meio de concessões públicas, devem ficar em, pelo menos, R$ 30 bilhões, segundo estimativas do Ministério da Infraestrutura. Um estu- do de 2018 da Fundação Dom Cabral mos- trou que as ferrovias respondem pelo esco- amento de 5,4% da produção brasileira. A maior parte desse escoamento, 75%, é feita por meio da malha rodoviária. O objetivo do governo é ampliar a participação da malha ferroviária nos próximos anos. Entre os projetos listados no Progra- ma de Parceria de Investimentos (PPI) está a Ferrogrão. O projeto visa consolidar o novo corredor ferroviário de exportação do Brasil pelo Arco Norte. A ferrovia conta com uma extensão de 933 km, conectando a re- gião produtora de grãos do Centro-Oeste ao estado do Pará, desembocando no Porto de Miritituba. Estão previstos, também, o ra- mal de Santarenzinho, com 32 km, e o ramal de Itapacurá, com 11 km. São estimados in- vestimentos de R$ 63,7 bilhões em 69 anos. Dados do Ministério da Infraestrutura, divulgados pelo jornal O Estado de S.Paulo em abril, mostram que mais de R$ 5,2 bi- lhões foram injetados em 60 projetos de in- fraestrutura portuária na região do Arco Norte desde 2014. A cifra é conservadora, porque alguns empreendimentos não deta- lham seus investimentos. A lista inclui, ain- da, 19 terminais públicos que foram con- cedidos à iniciativa privada desde 2017, somando mais R$ 3,7 bilhões de investimen- to e totalizando R$ 8,9 bilhões. MAIS DE 5.000 KM EM RODOVIAS Na área rodoviária, o PPI já selecio- nou trechos de rodovias federais em 10 estados, que somam 5.348 km, para se- rem concedidos ao setor privado. Os in- vestimentos iniciais estão estimados em R$ 53,6 bilhões durante o período de con- cessão. A intenção do Ministério da Infra- estrutura é realizar os leilões até o final de 2022, e os estudos estão sendo feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Eco- nômico e Social (BNDES). Há trechos de rodovias no Ceará e no Rio Grande do Sul (BR-116) e em Goiás (BR-060). “Temos um programa de concessões corretamente ambicioso. Particularmente, 13 Revista Indústria Brasileira

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