Revista Indústria Brasileira

34 Revista Indústria Brasileira ▶ novembro 2020 ▼ Entrevista | Paulo Pedrosa Um novo gás para competir LEI SERÁ DECISIVA NO PRÓXIMO CICLO DE CRESCIMENTO E INSERÇÃO GLOBAL DA ECONOMIA BRASILEIRA, DIZ PRESIDENTE-EXECUTIVO DA ABRACE Paulo Pedrosa é uma das principais lide- ranças na articulação junto ao Congresso Nacional para que o país destrave sua le- gislação relativa à produção de gás natu- ral, quebrando o atual monopólio no setor. Nesta entrevista, o dirigente da Associação de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace) e ex-secretário executivo do Ministério de Minas e Energia fala sobre suas expectati- vas para a votação da Lei do Gás no Sena- do Federal e sobre os impactos das novas regras nos custos de produção e na ativi- dade econômica. “Virá a modernização da produção industrial e um ganho de compe- titividade que nos permitirá competir nos mercados globais”, garante. Já aprovada na Câmara dos Deputados, a Nova Lei do Gás está em tramitação no Se- nado Federal. Quais são as expectativas em relação a essa votação? A tramitação da Lei do Gás no Congresso reflete as es- colhas do Brasil. Assim como fizeram na Câmara, os interesses do passado se arti- culam para mudar a lógica da proposta de abertura de mercado e fazer do Novo Mer- cado do Gás , que veio para promover a com- petição e reduzir preços, um veículo para subsídios e com a presença de monopólios ou campeões regionais no mercado. Conse- guimos uma surpreendente vitória na Câ- mara. Agora, de novo com a articulação do governo, vamos confiantes para este novo ciclo no Senado para que a lei seja aprovada ainda este ano. A postergação só interessa aos adversários do novo mercado. Quais os impactos das novas regras nos custos de produção e na atividade econômica como um todo? Para o Brasil, essa lei tem importância equivalente à do novo marco do saneamento, que demons- trou enorme vitalidade nos primeiros lei- lões, com ágios que superam em mais de 130 vezes os valores de edital. Além dis- so, a abertura do mercado de gás sinalizará aos investidores do mundo todo a disposi- ção da nova economia em atrair capitais e promover soluções para ummercado com- petitivo e sem intervenções governamen- tais que assustem investidores. Já os efeitos concretos são extraordinários: geração de 4 milhões de empregos e triplicação do con- sumo de gás, inclusive o industrial, geran- do R$ 60 bilhões de investimentos ao ano. Com o gás, virá a modernização da produ- ção industrial e um ganho de competitivi- dade que nos permitirá competir nos mer- cados globais. A Nova Lei do Gás tem sido apontada como incentivo à retomada econômica do país após a crise ocasionada pela pandemia da Covid-19. Contudo, há quem diga que o impacto não será tão grande assim. Como o senhor avalia esse cenário? Sairemos da pandemia com uma situação fiscal ainda mais delicada do que a que motivou a refor- ma da Previdência. O custo do necessário acolhimento dos brasileiros pelo governo chegará às contas públicas. Portanto, não adianta sonhar com soluções que depen- dam de recursos públicos ou investimen- tos da União e dos estados ou subsídios e encargos que sejam um peso ainda maior para a economia. A tentação de promover o desenvolvimento através do estímulo a obras desnecessárias, por exemplo, ape- nas aumentará o peso sobre a sociedade e ▶ “Temos a maior biodiversidade do mundo exatamente porque a protegemos”, diz o vice-presidente, que critica as fake news sobre o desmatamento e as queimadas na Amazônia

RkJQdWJsaXNoZXIy MjE3OTE0