Revista Indústria Brasileira

ideia. Mas, depois de um primeiro mês com pouquíssimos atendimentos, houve um salto significativo no segundo mês”, relata a coordenadora de RH da Bauduc- co, Ana Paula Arruda. Entre janeiro e maio, mais de 1.000 co- laboradores da empresa foram atendidos por meio da telemedicina. No caso de pes- soas com suspeita de coronavírus, profissio- nais do SESI realizaram a coleta de sangue em domicílio. “É um serviço que veio para ficar, até porque é uma questão de respon- sabilidade social. Um trabalhador com sus- peita de Covid-19 que vai a um pronto-so- corro pode, na verdade, se contaminar ali, se não estiver de fato com o vírus, e acabar contagiando outras pessoas dentro da fábri- ca”, reforça Ana Paula. MUDANÇA NA LEGISLAÇÃO Até abril de 2020, pouca gente recorria à telemedicina no Brasil. Devido à pande- mia, o governo sancionou a Lei nº 13.989, autorizando a prática do serviço, defini- do como “exercício da medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e promoção de saúde”. A autorização é condicional e tempo- rária – só é permitida a realização de con- sultas e atendimentos a distância durante a crise sanitária. Foi definido que, passa- do esse período, a atividade deverá ser re- gulada pelo Congresso Nacional. Pouco depois da sanção da lei, o SESI passou a oferecer, em maio de 2020, o ser- viço de telemedicina para empresas. “Ini- ciamos com a estrutura que possuíamos e com médicos e enfermeiros do SESI. Mobi- lizamo-nos para garantir a segurança dos trabalhadores da indústria”, explica Katya- na Aragão, gerente-executiva de Saúde e Segurança na Indústria do SESI Nacional. De lá para cá, a demanda cresceu e, por isso, no segundo semestre de 2021, o SESI lançará uma nova plataforma de telessaúde, que engloba não apenas con- sultas com médicos e enfermeiros, mas também atendimento com nutricionistas e psicólogos, ampliando o acompanha- mento ativo de pessoas com suspeita ou com confirmação de Covid-19. “O SESI está desenhando ummodelo de uso da telessaúde para apoiar empresas de todos os portes na gestão de saúde corpo- rativa e no acesso a serviços de saúde de qualidade pelo trabalhador”, diz o diretor- -superintendente do SESI, Rafael Lucchesi. A empresa de telefonia Claro adotou a telemedicina no ano passado com outras operadoras de saúde e afirma que tem SAÚDE NA PALMA DAMÃO Principais resultados da pesquisa do SESI das indústrias brasileiras afirmam que a telemedicina é uma tendência que veio para ficar 50 % das empresas dizem que programas de promoção à saúde deverão ser cada vez mais presentes 81 % realizam campanhas de vacinação 81 % fazem acompanhamento médico de hipertensos 78 % estimulam a atividade física de trabalhadores 78 % dão assistência a trabalhadorescomdiabetes 72 % das empresas intensificaram iniciativas para melhorar a saúde mental e combater a depressão entre os trabalhadores 65 % Fonte: Serviço Social da Indústria (SESI) Coordenadora de RH da Bauducco, Ana Paula Arruda acredita que a telemedicina seja uma questão de responsabilidade social colhido bons resultados. “Entendo que seja uma mudança de cultura grande por parte da nossa população, mas é uma fer- ramenta muito importante nesse momen- to”, afirma Lilian Nunes Silva, gestora de Saúde e Bem-estar da empresa. SAÚDE SUPLEMENTAR A pesquisa promovida pelo SESI também investigou os eventuais impactos provoca- dos pela pandemia no sistema de saúde su- plementar e nas próprias ações realizadas pelas empresas na promoção da saúde. Embora 54% das empresas ouvidas não tenham programas de promoção à saúde, esse tipo de iniciativa estará cada vez mais presente nas indústrias, na visão de 81% dos gestores. O percentual de empresas que não têm programa de promoção da saúde é puxado, principalmente, pelas de peque- no (59%) e médio (62%) portes. Entre as grandes indústrias, apenas 28% não pos- suem essas iniciativas. Entre as empresas que oferecem ações de promoção da saúde, 81% realizam cam- panhas de vacinação, 78% fazem acom- panhamento médico de hipertensos, 78% estimulam a atividade física de trabalha- dores e 72% dão assistência aos que pos- suem diabetes. Outra tendência é o maior cuidado com a saúde mental dos trabalhadores. Duran- te a pandemia, 65% das empresas inten- sificaram iniciativas para melhorar a saú- de mental e combater a depressão. Essas ações estão presentes em 93% das gran- des indústrias. A pesquisa traz, ainda, que, entre as iniciativas mais adotadas pelas empresas para lidar com os desafios da pandemia no ambiente de trabalho, estão antecipa- ção de férias (64%), redução da jornada de trabalho (48%) e suspensão do contrato de trabalho (44%). ■ 44 45 Revista Indústria Brasileira ▶ junho 2021 Revista Indústria Brasileira ▼ SESI/SENAI/IEL

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