Revista Indústria Brasileira - Maio 22

“ “O ponto fundamental é que as empresas tenham um quadro qualificado de profissionais, mas esses profissionais ainda não existem” ▲ Maurício Affonso, diretor da Rockwell Automation NOVO ENSINO MÉDIO Lucchesi lembra que as mudanças no ensino médio previstas na Lei 13.415, san- cionada em fevereiro de 2017, estão na dire- ção correta para facilitar a qualificação dos profissionais demandados pelo mercado. “A lei está baseada num debate muito lon- go e que ajudou o Brasil a convergir para o modelo mundial. Nós tínhamos um mode- lo excessivamente bacharelista e academi- cista, e a reforma do ensino médio foi em direção ao modelo que se usa nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália”, explica. Segundo ele, o ensino médio é um período de transição no qual parte dos jovens vai para a universidade, mas parte tem que ir para o mundo do trabalho e precisa ter as habilidades exigidas pelo setor produtivo. Hoje, diz Lucchesi, o Brasil tem um gra- ve problema de produtividade do trabalho. A produção de quatro trabalhadores brasi- leiros equivale à produtividade de um tra- balhador norte-americano. “Mas a refor- ma do ensino é um processo mais longo e mais complexo, que faz parte da estru- tura decisória do país, até porque nós es- távamos com o ensino médio estagnado e com um baixíssimo desempenho”, lem- bra. A legislação aprovada abre, por exem- plo, a possibilidade de convênios com ins- tituições de educação profissional, como o SENAI, que já contam com infraestrutu- ra, metodologia, equipamentos e docen- tes para o itinerário de Formação Técnica e Profissional (FTP). Lucchesi lembra que o SESI e o SENAI formaram a primeira turma do novo ensi- no médio no Brasil em dezembro de 2021 e que essa experiência pioneira – hoje pre- sente em escolas SESI de 23 estados, com mais de 10,4 mil estudantes – pode ser re- ferência na implementação em outras re- des de ensino. “Se nós olharmos para a es- tatística de desemprego entre jovens, que se aproxima de 30%, vemos que a situação é dramática. Precisamos pensar numa me- lhoria significativa da qualidade da educa- ção e a correção da nossa matriz no ensino médio”, sugere o diretor-geral do SENAI. ■ 15 Revista Indústria Brasileira

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