Revista Indústria Brasileira - Maio 22

rotineiras e repetitivas de muitos traba- lhos. “É a combinação desses dois con- juntos de habilidades que vai preparar a maioria das pessoas para os empregos do futuro”, defende ele. Uma segunda boa notícia, segundo Leo- pold, é que o investimento na qualificação dos funcionários faz sentido para os negó- cios. Isso porque a recompensa, emmuitos casos, vem em forma de aumento rápido na produtividade. O importante, diz o econo- mista, é que o investimento na qualificação da força de trabalho requer a colaboração de todos: trabalhadores, empresas e governos. APRENDIZAGEM CONSTANTE De acordo com Leopold, os trabalha- dores precisam adotar uma mentalidade de aprendizagem e abrir-se a novas for- mas de fazer as coisas. As empresas, por sua vez, precisam permitir que o apren- dizado ocorra e orientar os funcionários sobre o melhor caminho a seguir em bus- ca da qualificação. Além disso, o gover- no deve fornecer uma estrutura nacional para reconhecer o aprendizado no traba- lho e dar às empresas um conjunto estru- turado de incentivos, a fim de que ofere- çam a seus colaboradores oportunidades de se aperfeiçoar. Lucchesi, da CNI, fala que há alguns de- veres de casa a serem feitos, como corrigir as distorções da matriz educacional. “Na Áustria, mais de 70% dos jovens de 15 a 17 anos atendem à educação profissional. São 75% na Suíça, e a média da União Europeia está emmais de 45% dos jovens. Já no Brasil, são apenas 9%. Então, é claro que você cria uma enorme dificuldade para os jovens que não vão para a universidade”, lamenta ele. Entre as principais habilidades que os trabalhadores precisarão ter até 2025, segundo o Fórum Econômico Mundial, estão criatividade, originalidade e pen- samento analítico para solução de pro- blemas. Também saem na frente os pro- fissionais que conseguem gerenciar seu processo de aprendizagem de maneira ati- va, são resilientes e têm maior tolerância ao estresse, além de possuírem perfil de liderança e de influência social e facilida- de no uso de tecnologias. Nesse sentido, o SENAI coordena uma força-tarefa com a finalidade de acelerar a qualificação de 4,2 milhões de trabalhado- res em novas tecnologias até 2025. Chama- da de Aceleradora de Competências (Closing the Skills Gap Accelerator, no original em in- glês ) , a iniciativa conta com a parceria do governo federal e da Microsoft Brasil e in- tegra uma rede global liderada pelo Fórum Econômico Mundial para qualificar, em oito anos, 1 bilhão de pessoas em todo o mun- do em setores de alta tecnologia, como o automotivo, de energia e de biotecnologia. O objetivo é oferecer melhores empregos, educação e habilidades por meio de uma plataforma de colaboração público-priva- da, impulsionar a mudança nos sistemas de qualificação profissional e preparar os países para o futuro do trabalho. Para atingir essas metas, o SENAI vai potencializar seus esforços de formação profissional – que chegam a mais de 2 mi- lhões de pessoas por ano – e trazer para a iniciativa o maior número de empresas brasileiras interessadas em apoiar a qua- lificação e requalificação, por meio de compartilhamento de informações e ex- periências e do apoio no desenvolvimen- to de novos cursos. Além disso, promove- rá, com instituições parceiras, empresas e governo, a inserção na indústria de alta tecnologia de trabalhadores com as no- vas habilidades. 14 Revista Indústria Brasileira ▶ maio 2022 ▼ Capa

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