Revista Indústria Brasileira

Crescimento da economia em xeque SEGUNDA ONDA DA PANDEMIA MUDA EXPECTATIVAS E ACENDE ALERTA SOBRE RECUPERAÇÃO DO SETOR INDUSTRIAL O otimismo geral no fim do ano passa- do sobre a retomada da economia segue, agora, um outro caminho, principalmente devido à segunda onda da pandemia. A ex- pectativa é que o Brasil terá mais um ano difícil, com aumento na taxa de desem- prego, na inflação e nos juros. A avaliação é do Informe Conjuntural – 1º trimestre de 2021 , divulgado pela Confederação Nacio- nal da Indústria (CNI) no dia 22 de março. Diferentes cenários foram analisados para realizar projeções sobre a economia e a indústria nacional. A Confederação pre- vê que a economia cresça 3% neste ano em um cenário-base, considerando o retorno da atividade econômica em maio a partir da redução das medidas de isolamento so- cial e controle da pandemia. Já o PIB in- dustrial deve crescer 4,3%. A situação do país torna ainda mais ur- gentes as reformas estruturais, com desta- que para a reforma tributária. “Essa agen- da deverá ser perseguida ao mesmo tempo em que se cuida dos problemas de curto prazo. Só assim o Brasil voltará a crescer a taxas superiores a 2% ao ano”, diz o eco- nomista-chefe da CNI, Renato da Fonseca. Nos últimos 10 anos, a economia bra- sileira cresceu a uma taxa média anual de apenas 0,3%. “A agenda de aumento da competitividade, de redução do Custo Brasil, precisa caminhar em ritmo acele- rado”, ressalta Fonseca. CENÁRIOS O cenário-base do Informe Conjuntural sugere que a média de desocupação da po- pulação será de 14,6%, superior aos 13,5% observados na média de 2020. Os efeitos da safra, da valorização do real e da alta dos preços administrados, de produtos industriais e de serviços, elevará o IPCA, que deverá acumular um crescimento de 4,73% ao ano, acima da meta de inflação, de 3,75%, mas dentro do intervalo de to- lerância de 1,5 ponto percentual para bai- xo ou para cima. Em um cenário mais otimista, porém bem menos provável, o PIB brasileiro cresceria 4,5% em 2021. O PIB industrial, por sua vez, aumentaria 6,9%. Para isso ocorrer, é necessário que as medidas de isolamento já adotadas sejam suficientes para desafogar o sistema de saúde e se- jam flexibilizadas ao final de abril ou iní- cio de maio. Em um cenário pessimista, apenas em 2022 a atividade retornará para o nível de ati- vidade pré-pandemia, de fevereiro de 2020. Nesse cenário, o crescimento do PIB de 2021 seria de 0,6% e o PIB industrial aumentaria 1,3%. Para tal cenário, é considerada uma significativa piora da situação sanitária, com intensificação das medidas de isolamento social e retração da atividade econômica de 11,8% em março e abril. ■ 36 Revista Indústria Brasileira ▶ abril 2021 ▼ Termômetro econômico

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