Revista Indústria Brasileira - Fevereiro 2022

Parceiro da CNI no estudo, o presiden- te da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (ANEOR), Danniel Zveiter, percebia o tamanho do proble- ma em conversas com as empresas asso- ciadas e procurou a entidade empresarial para criar métricas confiáveis capazes de mensurar o impacto da falta de investi- mentos. Segundo o documento, o modal rodoviário seguirá dominante ao longo dos próximos 15 anos. “O baixo volume de investimento acaba impactando a atração de novos investidores, que, muitas vezes, não têm condições finan- ceiras para arcar com as obras e com a ges- tão de contratos complexos. Estes atrasam pagamentos e cronogramas e geram proble- mas de fluxo de caixa para os empresários”, observa Zveiter. “Quanto mais atrativo for o mercado, mais investidores nacionais e internacio- nais virão para o país, algo que, no momen- to, não acontece no setor de transporte rodo- viário. Nós temos interesse nessas parcerias, porque dividimos com outros players os ris- cos dos investimentos”, diz ele. O coordenador do núcleo de logística e infraestrutura da Fundação Dom Cabral (FDC), Paulo Resende, lembra que existe 1,7 milhão de quilômetros de rodovias no país, entre estradas federais, estaduais e munici- pais, mas apenas 13% delas são asfaltadas. “Se o Brasil fosse vender todo o seu estoque de infraestrutura, ele valeria algo em tor- no de 36% do PIB. Na África do Sul, o va- lor é de 85%; na Índia, de 58%; nos Esta- dos Unidos, de 64%; e, na China, de 76% do PIB”, compara. Com o pequeno espaço orçamentá- rio para investimentos, Matheus de Cas- tro sugere outros caminhos para melho- rar o cenário. A primeira alternativa seria realocar recursos do orçamento do gover- no federal na sua dimensão discricionária, na qual o governo tem condições de esco- lher onde aplicar o orçamento. As demais despesas são destinadas ao custeio da má- quina pública, deixando o governo sem margem de manobra. Em 2021, as despesas “discricionárias” fo- ram estimadas em 1,45% do PIB, bem abaixo dos 2,4% do PIB de 2008 e dos 2,5% do PIB de 2014. Seria importante, portanto, que o go- verno e o Congresso se empenhassemmais para assegurar mais recursos para essa ru- brica orçamentária. HÁ 50 MIL KM DE MALHA VIÁRIA FEDERAL NÃO CONCEDIDA INVESTIMENTOS MÉDIOS NECESSÁRIOS SÃO DE R$ 12 BILHÕES/ANO Fonte: Estimativas da Aneor e da CNI, com base em dados do DNIT e do Portal SIGA Brasil. Valores corrigidos pelo IPCA de 2021 ▶ “O Brasil enfrenta dificuldades que não permitem um investimento maior em infraestrutura de transportes”, diz Matheus de Castro (CNI) 28 Revista Indústria Brasileira ▶ fevereiro 2022 ▼ Competitividade

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