Revista Indústria Brasileira - Fevereiro 2022

Educação para inovar PRESIDENTE DA MICROSOFT EXALTA ENSINO PROFISSIONAL E DEFENDE MAIS INVESTIMENTOS EM EDUCAÇÃO, PESQUISA E DESENVOLVIMENTO A presidente da Microsoft do Brasil, Tânia Cosentino, diz que a educação é o princi- pal caminho para o Brasil ser um país mais inovador. “Acho que todas as dores do Brasil vêm de uma educação de baixo nível. Não tem como termos ganho de produtividade sem melhorar a educação”, resume. Além disso, ela afirma que é preciso aproximar mais a academia da indústria e defende a formação alcançada pelo ensino profissio- nal: “Sou formada em técnica eletrotécnica, comecei a trabalhar aos 16 anos e isso fez toda a diferença na minha vida”, diz. A pandemia acelerou o processo de digi- talização? Tínhamos várias pesquisas um pouco anteriores ao início da pandemia, e elas mostravam que as empresas possuíam planos de transformação digital, mas ti- nham temor. A pandemia simplesmente forçou esse movimento de transformação digital. Entramos num movimento digital que veio para ficar. As empresas acabaram perdendo o medo do que o digital represen- ta e acabaram verificando e capturando os benefícios. Agora, que estamos saindo des- se momento de susto, é possível planejar a jornada de transformação digital. Essa transformação veio acompanhada de algum processo de inovação nas em- presas? Depende muito da maturidade da empresa. É claro que não tem só o aspec- to de absorção da inovação, mas também o de fazer a inovação permear diferentes níveis da empresa que vão além da área de tecnologia. Há também outro pilar fun- damental, que é a transformação cultural. Sem a transformação cultural, você não faz o melhor uso da inovação, você não vai conseguir transformar a forma como você trabalha. As empresas lidam com a inova- ção de diferentes formas. Vimos empresas investindo em ecossistemas de startups. Vimos um grande aumento no número de hackathons [maratonas de programação] para fomentar iniciativas com temas dife- rentes. As empresas trabalharam a inova- ção de formas diferentes, de acordo com o seu tipo de negócio e com a sua maturidade. Quais são os desafios da inovação no pós- -pandemia? O nível de maturidade das em- presas aumentou e o que elas têm de fa- zer agora é incorporar a tecnologia para transformar o negócio. Esse entendimen- to vai trazer muita inovação. É o primei- ro ponto importante. O segundo ponto im- portante é entender que o mundo nunca mais vai ser o mesmo. Não vai ser presen- cial nem remoto. Precisamos criar um novo padrão de colaboração, porque o mundo presencial era aparentemente mais fácil, mas aprendemos a conviver em um mun- do praticamente 100% virtual. Agora eu te- nho que criar um mundo híbrido, que é o que vai atender aos nossos colaboradores, porque forçar um modelo 100% presencial ou 100% remoto vai fazer com que a gen- te perca talento. E em um mundo de escas- sez de talentos, isso acaba sendo um risco para o próprio negócio. Temos que incor- porar esse ambiente híbrido, que traz de- safios e, para isso, temos que investir mui- to na transformação cultural das empresas, ajudar as pessoas na adoção de tecnologia e na busca incessante da cultura da menta- lidade do crescimento, que é a busca inces- sante de aprendizado, sem medo do desco- nhecido e sem medo de errar. Não importa 22 Revista Indústria Brasileira ▶ fevereiro 2022 ▼ Capa | Tânia Cosentino

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