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“Ainda é um desafio empreender no Brasil” A DEPUTADA FEDERAL LUISA CANZIANI É UMA DAS JOVENS LIDERANÇAS NO CONGRESSO QUE PROMETEM INOVAR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E NA MELHORIA DO AMBIENTE DE NEGÓCIOS Futura presidente da Frente Parlamentar Digital, a deputada federal Luisa Canziani (PTB-PR) destaca o hub de inteligência artificial de Londrina como um avanço na estra- tégia de unir a academia e o setor produtivo na busca por uma sociedade mais inovadora e eficaz. “Os grandes agentes nacionais começaram a perceber que aqui é um lugar para trabalhar iniciativas inovadoras”, afirma a parlamentar, que defende a inovação e o uso de tecnologias como movimentos na direção de um futuro melhor. “Não dá para falar de educação se a gente não conectar os cidadãos”, diz ela. Qual é sua avaliação do atual momen- to educacional brasileiro? A gente segue com dilemas e desafios que são do século passado, como alfabetização e evasão esco- lar. Precisamos enfrentar questões que não são do futuro, mas do presente, ainda mais neste momento de pandemia em que está havendo uma transição do modelo educa- cional. Vamos caminhar para um sistema de ensino híbrido. Como funcionaria essa transição? É im- portante termos ferramentas não apenas para trazer conhecimento e aprendizado, mas para garantir inclusão digital. Não dá para a gente falar de educação e inovação, se a gente não conectar os nossos cidadãos. Temos várias discussões importantes acon- tecendo, que passam pelo leilão do 5G, que vai ser ummarco importante para o Brasil, um movimento que vai auxiliar na Revolu- ção 4.0. E temos alguns gargalos que preci- sam ser superados. Como fazer isso diante da pandemia? A escola deve ser a última coisa a fechar e a primeira a abrir. Na minha visão, defender a reabertura das escolas é defender, sobre- tudo, os mais vulneráveis. Quando tivemos a suspensão das aulas, tivemos as duas desi- gualdades evidentes. A gente via nos diver- sos estados, nas diferentes redes – públicas e privadas –, as diferenças socioeconômicas. Até que ponto as crianças e os jovens, por meio das atividades não presenciais, estão aprendendo? A gente corre o risco de per- der toda uma geração se a gente não tiver uma estratégia de volta às aulas. As principais mudanças educacionais recentes tiveram como foco os alunos. O que tem sido feito pelos professores? Isso é muito importante. Quando a gente pega, entre os alunos, os fatores intraescolares que ajudam no processo de aprendizagem, em primeiro lugar está o professor e, em se- gundo lugar, o diretor, o líder da escola. Se a gente não melhorar nosso capital huma- no, a gente não vai conseguir ter uma edu- cação de melhor qualidade. São conflitantes os incentivos à educa- ção acadêmica e à técnica? Não são moda- lidades que competem; pelo contrário, elas se complementam. Esta é uma grande jane- la de oportunidades para formar nossos jo- vens para o mercado de trabalho, com uma formação direcionada. O Sistema S tem um papel importantíssimo no sentido de disse- minar a inovação. Aqui em Londrina a gen- te tem o único hub de inteligência artificial do SENAI no Brasil. Como funciona o hub? Temos um ecos- sistema de inovação com uma sinergia mui- to grande. Foi feito um estudo para elaborar um plano estratégico baseado na vocação da cidade. Foram elencados alguns pontos importantes: metalmecânico, saúde, agro e tecnologias da comunicação e da informa- ção. Com base nesse levantamento estraté- gico, a gente tem trabalhado para fortalecer os arranjos produtivos locais. A gente tem a área de audiovisual, a governança agro, uma série de grupos para pensar e, inclusive, exi- gir das universidades, das instituições de en- sino e do Sistema S que nos ajudem a formar alunos nas áreas X, Y e Z. Por meio dessa or- ganização, os grandes agentes nacionais co- meçaram a perceber que Londrina é um lu- gar para trabalhar iniciativas inovadoras. O Brasil não é ainda um ambiente mui- to hostil para os empreendedores? Ainda é um desafio empreender no Brasil. A gen- te precisa reconhecer o esforço brutal que muitos jovens e cidadãos fazem no sentido de sonhar em empreender o próprio negó- cio e, de alguma forma, transformar a reali- dade em que vivem. Hoje nós temos, na Câ- mara dos Deputados, a Frente Parlamentar Digital, voltada para a inovação, que reúne vários deputados jovens. O marco legal das startups é iniciativa da Frente. O Projeto de govtech e das videochamadas em ambientes hospitalares, também. Somos um grupo de parlamentares inovadores e sabemos que, se queremos empreender, não adianta ter uma legislação engessada. ■ ▶ O Sistema S tem um papel importantíssimo para disseminar a inovação, diz a deputada paranaense F: João Ricardo/Liderança do PTB na Câmara 22 23 Revista Indústria Brasileira ▶ julho 2021 Revista Indústria Brasileira ▼ Capa | Luisa Canziani

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