Revista da Confederação Nacional da Indústria

INOVAÇÃO E PESQUISA Coordenador do Núcleo de Estudos de Conjuntura Econômica da Faculdade de Campinas (Facamp), Saulo Abouche- did destaca que “é preciso uma reforma que aponte para a progressividade e que onere menos o pequeno e o médio empre- sário”. Dessa forma, seria mais fácil esti- mular a pesquisa e a inovação, defende o especialista. Nesse sentido, o recente veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao projeto aprovado pelo Congresso Nacio- nal que proíbe o contingenciamento de re- cursos do Fundo Nacional de Desenvolvi- mento Científico e Tecnológico (FNDTC), é um desestímulo à pesquisa e à inovação. O fundo é uma das principais fontes de financiamento de ciência, tecnologia e inovação no país​. No final de 2020, esta- vam travados R$ 4,6 bilhões de recursos do fundo, que deveriam estar sendo inves- tidos em atividades de pesquisa, desen- volvimento e inovação (PD&I) realizadas por universidades, institutos de pesqui- sa e empresas. O veto ainda será analisa- do pelo Congresso Nacional, que poderá derrubá-lo. Entre 1999 e 2019, o fundo ar- recadou R$ 62,2 bilhões, mas os recursos têm sido, historicamente, contingencia- dos pela equipe econômica. Investir em pesquisa e inovação, diz Renato da Fonseca, da CNI, será funda- mental para o Brasil ter um crescimento econômico sustentado. “Não temos tem- po disponível para passar pelas fases 2.0 e 3.0 da indústria antes de chegarmos à etapa 4.0. Nós precisamos fazer o salto”, diz Fonseca. Segundo ele, isso se traduz em digitalização e investimento pesado em tecnologia. “A inovação é incentivada por todos os países, mas no Brasil temos essa deficiência. Enquanto não tivermos capacidade de competir lá fora, não va- mos atrair investimentos”, avalia o espe- cialista da CNI. Sem as reformas, avalia Fonseca, o Brasil não só deixa de atrair novos in- vestimentos como perde indústrias. É o caso, por exemplo, da Ford, montado- ra norte-americana que, em janeiro, fe- chou suas fábricas no Brasil. “A decisão da Ford é baseada nas condições econô- micas de cada país onde quer operar. A crise ajudou na decisão, mas a empresa também usa o ambiente de negócios para decidir”, explica. Para Cavalcante, da FIEC, “a saída de vá- rias multinacionais do Brasil foi influencia- da por uma demanda agregada continua- mente reprimida desde 2014 e acentuada pela pandemia do coronavírus”. Segun- do ele, “eram indústrias com plantas que produziam para o mercado interno, pois o excesso de burocracia tributária impede ▲ O advogado tributarista Fábio Brun Goldschmidt diz que a burocracia para pagar tributos no Brasil é “absolutamente incomum e incomparável” 14 Revista Indústria Brasileira ▶ fevereiro 2021 ▼ Capa

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