Revista Indústria Brasileira - Novembro/2021

fornecedores certificados ou ações sustentá- veis, mas 52% dizem que são exigidas quan- to a isso por seus clientes. Apenas uma em cada 10 empresas disse que já deixou de ven- der algum produto por não ter certificação ou seguir alguma ação de sustentabilidade e apenas 34% têm estrutura formal para lidar com a sustentabilidade. Apesar disso, quase um quarto dos empresários ouvidos consi- dera que os consumidores de seus produtos levam em consideração critérios ambientais na hora de escolher o que comprar. Empresa da área de celulose, a Veracel é outro exemplo de indústria que busca in- serir práticas sustentáveis na confecção de seu principal produto. Uma de suas iniciati- vas é a Reserva Particular do Patrimônio Na- tural (RPPN) Estação Veracel, uma unidade de conservação reconhecida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiver- sidade (ICMBio). Localizada no sul da Bah- ia, a unidade é a maior reserva privada de Mata Atlântica do Nordeste, fazendo parte da estratégia de conservação desse bioma. Além da educação ambiental e da obser- vação de aves, a Estação Veracel tem acolhi- do e projetado o trabalho de pesquisadores. Segundo Virgínia Camargo, coordenadora de Estratégia Ambiental e Gestão Integra- da da empresa, as ações de conservação ga- rantem o ciclo ecológico e a manutenção da vida tanto dos animais quanto dos humanos. “Esse é um dos pilares do desenvolvimento sustentável e está em linha com nosso pro- pósito de ser responsável, inspirar pessoas e valorizar a vida”, afirma. CULTURA ESG NAS EMPRESAS A maior parte dos executivos entrevis- tados (94%) vê oportunidades nas ações de sustentabilidade. Apesar disso, sete em cada dez executivos industriais (72%) admitem estar pouco ou nada familiarizados com o ESG, a sigla em inglês para “ environmental, social and governance ” (ambiental, social e governança, em português). O termo está as- sociado à busca de um negócio que minimi- ze os impactos no meio ambiente, construa ummundo mais justo e responsável para as pessoas em seu entorno e mantenha os me- lhores processos de administração. A sigla ESG surgiu pela primeira vez em um relatório de 2005 intitulado Who Cares Wins (“Ganha quem se importa”, em tradu- ção livre), resultado de uma iniciativa lidera- da pela ONU. Na época, 20 instituições finan- ceiras de nove países diferentes – incluindo o Brasil – se reuniram para desenvolver dire- trizes e recomendações sobre como incluir questões ambientais, sociais e de governan- ça na gestão de ativos, serviços de correta- gem de títulos e pesquisas relacionadas ao tema. A conclusão do relatório foi de que a incorporação desses aspectos gerava mer- cados mais sustentáveis e melhores resul- tados para a sociedade. Conforme a pesquisa, dos três pila- res do ESG, o da governança é visto como o mais relevante para a indústria brasilei- ra – 39%–, contra 29% que citaram o social e 23%, o ambiental. Cerca de oito em cada dez entrevistados afirmaram que o ESG é importante ou muito importante, embora a maior parte deles ainda não esteja familia- rizada com o tema. Rodrigo Lima, diretor-geral da Agroico- ne, afirma que o Brasil ainda precisa ama- durecer como país diante desse assunto. “A grande questão é que você pega uma empre- sa que faz o tratamento de esgoto residencial e já acha que é 100% ESG. O universo ESG é muito mais amplo do que isso. O lado social, por exemplo, é uma parte que ainda precisa ser muito amadurecida”, ressalta. Segundo ele, investir emprocessos produ- tivos mais sustentáveis é hoje uma necessida- de para a indústria. “Quem não entrar nessa lógica vai ficando para trás, perde competi- tividade, gasta mais, temmaiores problemas de fiscalização ou de perda de consumido- res, que passam a demandar essas práticas”, afirma. Lima explica que, no Brasil, há ca- sos muito interessantes no setor industrial de adoção de diversas tecnologias sustentáveis. “O grande desafio é ajudar as pequenas em- presas e os negócios que não conseguem en- trar nesse movimento por si sós”, comenta. ■ 13 Revista Indústria Brasileira