Revista Indústria Brasileira

precisar de um trator que precisa de diesel. Esse diesel vem lá da cadeia produtiva do diesel. Cada uma dessas coisas tem sua pró- pria carga ambiental, emissões para o ar, consumo de matéria-prima, emissões para corpos hídricos e para o próprio solo. Isso gera impactos ambientais. Os inventários trazem o perfil ambiental dos produtos. As- sim, você consegue trazer mais transparên- cia do ponto de vista socioambiental e to- mar decisões melhores. Ele permite uma rastreabilidade do pro- cesso de produção daquele material? Exa- tamente. O sujeito lá na Europa ou na China está criando suínos e quer mostrar que es- ses animais estão sendo alimentados com uma soja sustentável do Brasil. Ele conse- gue ver o perfil ambiental pelo Banco Na- cional de Inventários. Mais uma vez, aque- la informação não vai atestar que o porco chinês é mais sustentável, mas há transpa- rência. Hoje em dia, transparência é mo- eda quando se está trabalhando a questão da sustentabilidade. Quem declara aber- tamente seu perfil ambiental, pontos crí- ticos ou não, normalmente tem vantagens competitivas. O próprio SICV Brasil nasceu de um projeto para incrementar vantagem competitiva na indústria brasileira, enten- dendo que, no mercado global, se não há transparência em relação ao desempenho ambiental de seus produtos, você fica de fora. Quem ganha as concorrências, prin- cipalmente no mercado europeu, é quem é transparente e quem consegue provar que tem melhor desempenho. Qual a vantagem desse Banco de Ciclo de Vidas para a indústria brasileira? A indús- tria pode se beneficiar de algumas manei- ras, inclusive pelo próprio acesso ao inven- tário de um produto, que é insumo para ela. Por exemplo, a indústria florestal tra- balha com painéis e precisa saber o de- sempenho ambiental do painel que está comercializando. Se ela for fazer o inven- tário desde a fase agrícola, vai ter custo e o processo será mais lento. Se o inventário já estiver disponível no Banco, ele traz isso para análise a partir do acesso no banco. A parte de campo fica sanada, sem necessi- dade de levantar o dado. A questão do cus- to financeiro e do tempo é eliminada. Para quem está com o inventário lá, eles podem gerar estudos. O inventário é uma das fases da avaliação de ciclos de vida, é a técnica, o método que usamos para de fato atestar o desempenho ambiental. Esse inventário pode entrar numa pesquisa completa e ge- rar as declarações ambientais de produto, que é uma outra forma de mostrar seu de- sempenho ambiental. Quantos produtos estão cadastrados no Banco de Ciclo de Vida? A gente tem 22 pro- dutos neste momento, mas temos na porta de entrada algumas centenas. Esses 22 vie- ram de um workshop que foi feito em 2015, quando começamos a estruturar o Banco Nacional e alguns inventários foram adapta- dos de uma base internacional para a reali- dade brasileira. Em 2017, houve um projeto chamado The Sustainable Recycling Industries Programme (SRI), com recursos suíços que financiaram o desenvolvimento de inventá- rios de produtos brasileiros e algumas ins- tituições participaram. Até o final do ano, deveremos estar com 300 inventários dis- poníveis, sendo a maioria de produtos da cadeia agrícola por causa de terem sido de- senvolvidos pela Embrapa. Nos registros do banco, quais são os de produtos industriais? Desses 22, temos ci- mento, pluma de algodão, que vai para toda cadeia têxtil, eletricidade, painéis de madei- ra, sete inventários da cadeia de processos do plástico, óleo de soja e proteína e cinco inventários de produção da soja regional. Vamos ainda subir 45 inventários da cons- trução civil, como cimento, brita e areia. ■ 23 Revista Indústria Brasileira

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