Revista Indústria Brasileira

Segundo ele, a logística complexa e vários outros fatores tornam uma atividade pro- dutiva na Amazônia mais desafiadora, mas vale a pena. “Os trabalhos da empresa têm alcançado resultados positivos e a bioeco- nomia trouxe inovação. Nossa indústria se modernizou e buscou acabar com o desper- dício. Devemos quebrar barreiras, compar- tilhar e atuar de forma transparente”. O cientista e consultor Carlos Nobre afir- mou, em painel no segundo dia do evento, que o Brasil pode ocupar um lugar de lide- rança positiva no mundo se abraçar a bio- economia como setor econômico que leve o país a outro patamar de desenvolvimen- to. “O Brasil tem tudo para se tornar a pri- meira potência mundial da biodiversidade”, afirmou Nobre, um dos maiores especialis- tas emmudanças climáticas do mundo e um dos formuladores do conceito de Amazônia 4.0, iniciativa que promove a industrializa- ção dos chamados bioativos disponíveis no bioma. Ameta é gerar empregos, renda para a população local e um incentivo para a ma- nutenção da floresta de pé. O projeto-piloto coordenado pelo cientis- ta será implementado em 2021 no municí- pio de Belterra, ao sul de Santarém, no Pará. Em parceria com a Associação das Mulhe- res Produtoras de Cupuaçu, a iniciativa vai capacitar empreendedoras para industriali- zar produtos a partir do cupuaçu e do cacau. “Estamos falando em chocolates de altíssi- ma qualidade e vários produtos do cupuaçu. Vamos levar uma minibiofábrica super mo- derna, usando tecnologias muito avançadas, mas ao mesmo tempo baratas, abertas e fá- ceis de aprender”, planeja Nobre. Em painel no último dia do evento, o presidente do Banco Nacional de Desen- volvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou que a pauta ambiental é hoje “global e prioritária”, e re- conheceu que a instituição tem um papel fundamental no estabelecimento da comu- nicação entre os setores financeiros domés- tico e internacional. “A Amazônia é priori- dade porque o mundo acordou para esta região rica em diversidade”, disse. Segundo dados apresentados pelo dirigente, o Fun- do Amazônia , criado em 2008 pelo banco, já desembolsou, neste ano, R$ 100 milhões em projetos para ações de prevenção, mo- nitoramento, conservação e combate ao desmatamento na Floresta Amazônica. MICRO E PEQUENOS NEGÓCIOS Montezano indicou, ainda, que a atua- ção do BNDES também está orientada aos micro e pequenos negócios na região. Para agilizar o processo de concessão de crédito, o banco tem utilizado ferramentas como a conectividade digital e a garantia de crédi- to. O executivo afirmou que o BNDES tem participado de articulações com investido- res nacionais e internacionais para levar empresas para a Amazônia, com projetos baseados na economia sustentável. O Fórum Amazônia+21 é uma iniciativa para mapear perspectivas e buscar solu- ções para temas relacionados ao desenvol- vimento da região e à melhoria da quali- dade de vida dos mais de 20 milhões de cidadãos que vivem na Amazônia Legal. Para Marcelo Thomé, presidente da FIERO e coordenador do Fórum, o evento foi importante para que a Amazônia seja “revisitada a partir de um novo olhar que reconheça o potencial econômico extra- ordinário que possui”. Segundo ele, “por meio da ciência e da inovação será possí- vel, de maneira sustentável, explorar, de- senvolver e gerar bons empregos, renda e prosperidade não só para a região amazô- nica, mas para todo o Brasil”. ■ ◀ Marcelo Thomé, presidente da FIERO e coordenador do Fórum, diz que o evento permitiu que a Amazônia seja “revisitada” e mostre seu “potencial econômico extraordinário” 21 Revista Indústria Brasileira

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