Revista Indústria Brasileira

bastante presente no prato do brasileiro: a pimenta, que seria capaz de desbloquear as células do nariz e da boca, fazendo com que o odor do alimento fosse perceptível novamente para a célula. “Como resultado, é possível sentir novamente o sabor do ali- mento”, disse em entrevista, à época, a es- tudante Ana Sofia Gonçalves, membro da equipe Gametech Canaã. A decisão de criar o chiliclete surgiu após conversas com endocrinologistas, químicos e pesquisadores e depois de testes em labo- ratórios da Universidade Federal de Goiás (UFG). Assim, os jovens encontraram a dose certa do condimento que deveria ser inseri- do no chiclete para, então, criar uma solu- ção inovadora, barata e simples. Graças ao projeto, a equipe de estudan- tes foi uma das vencedoras do Festival SESI de Robótica de 2019 e a campeã do torneio de robótica promovido na Universidade da NASA, emWest Virginia, nos Estados Unidos. A inovação chamou a atenção da Agência Es- pacial Brasileira (AEB) e os alunos acabaram sendo homenageados numa cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. Foi dessa mesma equipe, embora com diferentes integrantes, que surgiu, em 2016, outro projeto inovador: o plastisseiro. O projeto reutilizava sacolas plásticas e copos descartáveis na produção de travesseiros, al- mofadas e estofados e foi idealizado como substituto das espumas nos travesseiros tra- dicionais, destacando-se ser um produto de baixo custo, ergonomicamente correto e an- tiácaro. Para fazer um travesseiro, os estu- dantes trituraram, em uma máquina especí- fica, 139 copos plásticos e 340 sacolas. Ensinar a ser inovador não é tarefa sim- ples, mas o SESI tem implementado, há mais de uma década, metodologias com esse obje- tivo em sua rede de mais de 500 escolas em todo o Brasil. Faz isso por meio de torneios de robótica, competições que estimulam a criação de projetos inovadores e pela refor- mulação do programa de ensino com foco em STEAM – sigla em inglês que contem- pla Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática –, áreas de conhecimento que devem ser prioridade na formação e preci- sam ser trabalhadas conjuntamente. Para o professor de Matemática e então técnico da equipe de robótica do SESI de Goiânia, Flamarion Gonçalves Moreira, o mais importante é dar liberdade de pensa- mento às crianças e aos adolescentes. “Te- mos que orientá-los a usar a imaginação, a ter a mente livre, a nunca reprimir uma ideia, e incentivá-los a seguir questionando tudo a seu redor, pois a ciência não é algo pronto”, explica o professor. SEQUENCIAMENTO GENÉTICO Os avanços na área da biotecnologia têm provocado grandes transformações nas polí- ticas públicas de promoção à saúde e na pre- servação ambiental. Exemplo disso é a ini- ciativa inédita de pesquisadores do SENAI e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que se uniram para realizar o sequenciamento ge- nético do bioma do Pantanal. A parceria faz parte do Consórcio Multise- torial para o Pantanal: sequenciar para preser- var . Além do SENAI e da Fiocruz, universi- dades, ONGs e empresas privadas também formam o consórcio. O SENAI contribuirá com o sequencia- mento (meta)genômico das amostras am- bientais e, por meio do sequenciamento genético, será possível mapear a biodiver- sidade (bactérias, arqueas e eucariotos) de áreas incendiadas e não incendiadas, o que servirá para conhecer o impacto dos incên- dios na biodiversidade do Pantanal. Uma vez conhecido, será possível discutir melhores políticas públicas para a conservação e pre- servação das espécies mais impactadas e do Bioma como um todo. “O Instituto SENAI de Inovação em Bios- sintéticos conta com uma plataforma de se- quenciamento com equipamentos únicos no Brasil, a exemplo de um sequenciador de fragmentos longos de DNA. Em um pro- cesso computacional, ele é capaz de montar todas as partes do quebra-cabeça”, explica Marcelo Victor Moura, responsável pela área de Biotecnologia do SENAI CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil). Ele conta que o Instituto também possui ro- bôs para fazer bibliotecas genômicas, bioin- formatas e toda uma estrutura para analisar os dados a serem coletados. O convite para participar de um projeto dessa magnitude, liderado pela Fiocruz, é um importante indicador da qualidade do trabalho que a rede de Institutos SENAI de Inovação, composta por 26 unidades no país, tem realizado. Desde sua criação, em 2013, mais de R$ 1,2 bilhão forammobilizados em 1.332 projetos de Pesquisa, Desenvolvimen- to e Inovação (PD&I). A estrutura temmais de 930 pesquisadores, que atuam com foco em pesquisa aplicada para o desenvolvimen- to de novos produtos e soluções customiza- das para empresas (saiba mais no infográ- fico da página 16). CONGRESSO DE INOVAÇÃO Os Institutos do SENAI fazem parte de um grande ecossistema desenvolvido pelo Sistema Indústria para impulsionar a ino- vação no Brasil. E, justamente para fomen- tar o debate sobre a inovação, será realiza- do, no dia 20 de outubro, um evento prévio de lançamento da 9ª edição do Congresso Bra- sileiro de Inovação . Organizado pela CNI e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o congresso é o maior evento nacional sobre o tema. O lançamento será virtual e terá como grande atração o estadunidense SteveWozniak, en- genheiro eletrônico e cofundador da Apple, que falará sobre o futuro da inovação. No dia 20 de outubro, haverá a anteci- pação de novidades do Congresso de Inova- ção , realizado a cada dois anos, em parceria entre a CNI e o Sebrae, tendo a última edi- ção ocorrido em 2019. Em função da pan- demia, o formato foi alterado e a data, que seria em 2021, transferida para março de 2022, em São Paulo. Com inscrições abertas, o lançamen- to será uma prévia do Congresso e reuni- rá especialistas de cinco continentes. Eles refletirão sobre como a inovação uniu o mundo a partir da pandemia de Covid-19, levando as experiências de suas regiões no enfrentamento dos grandes desafios glo- bais, como a pobreza, as mudanças climá- ticas e as guerras. “O Congresso busca contribuir para que a inovação seja incorporada à estra- tégia das empresas e ampliar a efetivida- de das políticas de apoio à inovação no país”, afirma Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI. ■ Participe do Congresso Brasileiro de Inovação: ◀ “As grandes inovações são [sempre] resultado da luta do ser humano contra três problemas: a fome, as pestes [doenças] e a falta de segurança”, diz Jefferson Gomes (SENAI) 14 15 Revista Indústria Brasileira ▶ setembro 2021 Revista Indústria Brasileira ▼ Capa

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