Revista Indústria - agosto 2022

conversas no sentido de avançar com a criação de um MRV para empresas médias e grandes de diversos seto- res, de forma que exista transparência nas emissões de gases de efeito estufa no país. 3 ONDE CAPTAR RECURSOS PARA FINANCIAR A TRANSIÇÃO PARA UMA ECONOMIA DE BAIXO CARBONO? HÁ, NO BRASIL, UM AMBIENTE FAVORÁVEL PARA ISSO? O Brasil possui um sistema financeiro bastante moderno e agentes financeiros muito fortes. Além do mais, tan- to seus agentes privados como o Banco Central (BC) e os bancos públicos têm demonstrado enorme interes- se na agenda ambiental e no mercado de carbono. No caso do BC, vale destacar a regulamentação sobre a ad- ministração de riscos que estabelece regras para todos os agentes financeiros. Nós, do Banco Mundial, estamos em contato direto com esses agentes e temos projetos bastante avançados com alguns deles, como o acordo de cooperação técnica com o Banco Nacional de Desen- volvimento Econômico e Social (BNDES) e um financia- mento em elaboração junto ao Banco do Brasil com os objetivos de expandir o crédito diretamente vinculado à sustentabilidade e apoiar o desenvolvimento de um mercado de carbono robusto no Brasil. 4 QUAL O IMPACTO DESSA TRANSIÇÃO PARA A ECONOMIA BRASILEIRA NOS PRÓXIMOS ANOS? Conter o aquecimento global demanda investimentos anuais na escala dos trilhões de dólares em todo o plane- ta, além de planos que levem a uma transição econômica sustentável. Enquanto as perdas de infraestrutura decor- rentes de eventos climáticos já somammais de US$ 400 bilhões por ano no mundo, países em desenvolvimento têm dificuldade em promover investimentos e precisam do apoio de países desenvolvidos. A substituição da in- fraestrutura desses locais para que sejam de baixo car- bono e resilientes aos impactos demanda mais ou me- nos US$ 1,6 trilhão por ano, ou 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) dessas nações. Ao mesmo tempo, o fluxo de financiamentos públicos originários de países desenvol- vidos para projetos climáticos em países pobres e em de- senvolvimento somam pouco menos de US$ 80 bilhões por ano, menos de 0,5% da demanda. Fica claro que não será o setor público, mas o setor privado quem finan- ciará a transição para uma economia de baixo carbo- no. Por outro lado, além dos riscos climáticos, existem grandes oportunidades. Segundo a International Emis- sions Trading Association (IETA), o mercado potencial poderia chegar a US$ 300 bilhões em 2030 e US$ 1 tri- lhão em 2050. O Banco Mundial estima que, nos merca- dos emergentes, as oportunidades de investimento cli- mático para o setor privado sejam de US$ 23 trilhões até 2030, sendo US$ 1,3 trilhão somente no Brasil. 5 QUAIS OS DIFERENCIAIS DESSE MERCADO PARA OS DEMAIS? O mercado de carbono será completamente diferente dos anteriores. Por exemplo, todos os participantes te- rão obrigações e metas e vários tipos de créditos coexis- tirão. Possivelmente, terão preços diferenciados e metas ambiciosas, que devem aumentar a demanda por crédi- tos. Por outro lado, a necessidade de resultados a curto prazo e o risco reputacional farão com que compradores sejam seletivos e cautelosos em suas escolhas. Também acredito que a complexidade e o alto custo associados ao cumprimento de metas farão com que os participan- tes tenham que conhecer muito bem a origem das suas emissões, entender como cumprir metas de mitigação e definir a melhor estratégia de como financiá-las. Os créditos de carbono somente serão comprados se o cus- to for menor e os benefícios foremmaiores que a redu- ção doméstica das emissões. ■ 35 Revista Indústria Brasileira s para...

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