Revista Indústria Brasileira

enfrentamento da crise. Isso não impediu, segundo ela, que as ações tomadas para di- rimir os estragos tenham deixado cicatrizes econômicas. “Políticas públicas desenhadas de maneira urgente, como o auxílio emer- gencial, por exemplo, tendem a apresentar problemas a médio prazo, porque elas fun- cionam como meros anestésicos”, pondera. “O ideal seria que tivéssemos planejado be- nefícios a serem perpetuados no pós-cho- que”, acrescenta. Silvia considera que não se pode falar em uma recuperação homogênea da econo- mia. Segundo ela, o setor de serviços reagirá de maneira mais lenta. Avanços tecnológi- cos advindos da pandemia, como a acelera- ção do uso do e-commerce , tornaram ainda mais evidentes as defasagens na formação e qualificação profissional dos brasileiros, vetores que impactam diretamente o mer- cado de trabalho. A economista acredita que o crescimen- to pós-pandemia virá com um viés infla- cionário, tanto no preço dos serviços – que estavam represados durante a quarentena – quanto no valor das commodities. “Isso sem levarmos em conta que estamos com riscos de uma crise hídrica e energética, a impactar ainda mais o custo dos produ- tos”, aponta Silvia. Para ela, cautela é fundamental nessa re- tomada. Ela reconhece que o aumento da inflação abre margem para um aumento de gastos do governo, injetando, a curto pra- zo, novos recursos na economia. “Mas nos- so cobertor é curto e temos lembranças re- centes dos prejuízos causados pelo descuido com a inflação. Política monetária não pode ser vetor de estímulo para o crescimento econômico”, alerta. Por fim, Silvia teme os efeitos da proxi- midade das eleições. “Políticas sociais e de crescimento deveriam ser estratégias de Estado, não de governo. Estamos há anos e anos trabalhando em déficit e a proximida- de da disputa eleitoral pode ser um prece- dente perigoso para aprofundarmos o des- controle fiscal”, argumenta a economista. ■ 75% não têm vacina preferida 55% têm medo “médio”, “grande” ou “muito grande” de frequentar bares e restaurantes 53% têm medo “médio”, “grande” ou “muito grande” de frequentar o comércio de rua 63% acham que os danos da pandemia na economia brasileira foram “muito grandes” 67% acham que a recuperação da economia vai demorar dois anos ou mais 90% não deixariam de se vacinar se não encontrassem a vacina de preferência 56% não pretendem viajar nos próximos meses Os principais resultados da pesquisa 29 Revista Indústria Brasileira

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