Revista Indústria Brasileira - Maio 22

Precisamos das pessoas que vão cuidar des- sas máquinas e desenvolver esses softwares. Toda a sociedade necessita disso. Temos que olhar com uma visão bem aberta para toda a necessidade do país e da indústria. O Mapa do Trabalho Industrial pode in- dicar esse caminho? É um bom pontapé ini- cial. Começamos por aí, mas acho que pode- mos melhorar. É um trabalho em evolução constante. Os negócios vão sempre se atua- lizando. Eu costumo olhar o exemplo da pes- soa que servia café há 30 anos. Tinha que pôr o coador, o copo. Hoje, a máquina mói o grão, coloca no recipiente, faz e coa o café. A pessoa precisa saber operar a máquina. Não tem mais que mexer com nada, só sa- ber operar. As capacitações mudarammuito e continuammudando. Tudo está indo para frente. Toda a indústria tem que estar atenta. Pode citar algum exemplo de capacita- ção que não existia e que tenha feito vo- cês precisarem qualificar profissionais para atender à demanda? Os aviões no- vos usam tecnologias de materiais compos- tos na fuselagem. Há 10 ou 15 anos, eram todos de alumínio. A tecnologia existen- te era rebite. Precisávamos de rebitado- res, acabadores e dobradores de alumínio. Hoje, com os materiais compostos, as pe- ças já vêm inteiras. Tivemos que desenvol- ver essa mão de obra. São os operadores das autoclaves que cozinham os materiais compostos. São pessoas que desenvolvem esses materiais compostos. É uma tecnolo- gia nova, que é o futuro. Qual seria o papel do governo nesse pro- cesso de qualificação? Primeiro, garantir ve- locidade para acompanhar as mudanças e novas tecnologias. Não podemos continuar exigindo apresentação da carteira de identi- dade para entrar num lugar, enquanto todo o mundo já usa reconhecimento facial, digital. O governo tem que ser rápido para acompa- nhar essas tecnologias. Uma vez que ele con- siga acompanhar, o direcionamento de recur- sos temque ser utilizado. Quando falam “tem que colocar mais dinheiro na educação”, eu não sei se é isso. Temos que fazer o uso mais correto do dinheiro que temos. O Brasil não está longe no valor per capita de investimen- to em educação. Não estamos longe dos paí- ses da OCDE, mas talvez tenhamos que di- recionar melhor o destino dessas verbas. O governo entra nesse momento, porque é ele que gerencia a verba de universidades e di- reciona o orçamento de cursos de nível mé- dio, primário e básico. ■ ◀ O governo precisa investir melhor o dinheiro que já vem destinando à educação, diz Peralta 23 Revista Indústria Brasileira

RkJQdWJsaXNoZXIy MjE3OTE0