Revista Indústria Brasileira

A fábrica figital por SILVIO MEIRA* Nos últimos meses, muitas empresas se viram obrigadas a antecipar projetos previs- tos para daqui a dois, três... cinco anos. O motivo, obviamente, foi a pandemia da Co- vid-19. Em paralelo, já vinha em curso uma outra transformação, só que figital. No tempo de mudanças aceleradas pela pandemia, figital é uma das palavras-cha- ve – e uma das chaves. Tudo será figital: mercados, empresas, times, pessoas (e ci- dades, países, governos) estão transitando do físico (ou analógico), mas não para o di- gital, como muitos ainda acham. A trans- formação é do espaço FÍsico, que passa a ser habilitado, aumentado e estendido pelo DIGITAL, ambos orquestrados no es- paço social, em tempo (quase) real. O novo espaço competitivo é, pois, FIGITAL. E a indústria, como fica no meio disso tudo? Bom, primeiro é preciso entender que as coisas, conectadas, vão mudar a fá- brica, que vai encarar seus produtos como serviços. A fábrica que só faz produtos e envia para um distribuidor ou direto para um varejista faz parte do passado. O futu- ro da fábrica está no espaço físico aumen- tado pelo digital, orquestrado pelo social e em tempo quase real. A fábrica figital sai do prédio analógico e ganha o mundo. As pessoas, de dentro e de fora da fábrica, começam a ser conecta- das em redes e a orquestrar a dinâmica da fábrica. Uma das ideias por trás dos mode- los de negócios C2M ( client-to-manufacturer ) é trazer dados dos clientes usando produtos para a fábrica, onde serão usados para ge- rar insights sobre produtos novos ou atuais. Mais do que “só” conectar produtos, as plataformas digitais da fábrica figital conec- tam tudo e têm o potencial de fazer dessa fá- brica o sistema operacional não só dos seus produtos, mas do contexto em que são usa- dos. Mais do que olhar para esse cenário e tais possibilidades como processo indus- trial, como é típico no pensamento fabril (especialmente no Brasil), a indústria de- veria pensar seriamente em como usar as possibilidades combinadas da Internet das Coisas e das plataformas digitais para criar, operar, manter e evoluir ecossistemas figi- tais de produtos e serviços em rede. Na fábrica figital do carro, por exem- plo, há um gêmeo digital do veículo que ela própria dirige, faceta de negócio que vai gerar suas maiores margens, porque o carro, os metais e os plásticos são apenas suporte para a performance, para a mo- bilidade conectada, onde tudo é software . Aliás, tudo é software – como serviço, que cria resultados para os clientes – em todas as fábricas. Indústrias que não entende- rem isso terão dificuldade para sobreviver já na próxima meia década e, principal- mente, depois. ■ ▲ Cientista-chefe da TDS. company, professor extraordinário da CESAR. school e presidente do conselho do portodigital.org 46 Revista Indústria Brasileira ▶ maio 2021 A opinião de articulistas convidadas e convidados não necessariamente reflete a da CNI. ▼ Outra visão

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