Revista Indústria - Abril 22

país agrícola e rural para um país industrial e urbano. Mesmo que a educação tenha ficado atrasada, temos 98% das crianças matriculadas [na escola], embora a qualidade ainda seja um desafio. Não somos um país que esteja fazendo uma revolução científica e tecno- lógica, mas temos grandes centros de ciência e tecno- logia. Então, a primeira coisa é refletir nosso orgulho, do tamanho do Brasil, mas também precisamos refle- tir sobre nossas dificuldades. Continuamos um país ex- tremamente concentrador de renda e que não oferece educação de qualidade. Nossa indústria ainda não tem a competitividade que deveria ter, embora tenha seto- res extremamente competitivos. Somos um grande ex- portador de alimentos, mas temos vinte milhões de pes- soas que não têm o que comer. Queremos que, nesse segundo centenário, reflitamos sobre as conquistas e sobre as nossas dificuldades. 3 QUE CRITÉRIOS FORAM USADOS PARA ESCOLHER OS CINCO TEMAS DOS SEMINÁRIOS? Escolhemos esses cinco temas porque achamos que eles abarcam quase tudo. É verdade que não incluem, por exemplo, relações internacionais e a questão da segu- rança nacional, mas, de qualquer maneira, são temas que contemplam uma parcela significativa de questões. No primeiro, tratamos da evolução política. Quais foram os grandes momentos políticos no Brasil? No segundo, tratamos da evolução econômica e da sustentabilidade. No terceiro, queremos saber como foi a evolução social. No quarto, queremos avaliar o desenvolvimento indus- trial, científico e tecnológico. Por fim, no quinto, que- remos ver o que melhorou do ponto de vista da educa- ção, e juntamos aí a cidadania. 4 O QUE AS PESSOAS PODEM ESPERAR DESSE CICLO DE SEMINÁRIOS? Nós chamamos pessoas que têm o que dizer, para que ninguém pudesse questionar o porquê da escolha. São pessoas capazes de responder às três perguntas estra- tégicas dos seminários: quais foram os grandes saltos nesses 200 anos; quais são as amarras que ainda temos; e quais são os passos que precisamos dar daqui para frente. Concluídos os seminários, seu conteúdo será transformado em um livro comentado. Nosso objetivo é bastante pretensioso: que daqui a 100 anos, as pessoas saibam o que era dito e refletido no país em 2022. Tere- mos ummarco do que esta geração pensa, um registro da nossa geração para as gerações posteriores. 5 ONDE ESTAREMOS DAQUI A 200 ANOS E QUAIS SÃO OS CAMINHOS PARA CHEGAR LÁ? Não nos atrevemos sequer a olhar para 100 anos à fren- te. O mundo hoje é tão dinâmico, as coisas mudam tão rapidamente, que fica impossível [responder a essa per- gunta]. Só para provocar um pouco: daqui a cem anos vai ter país? Ou tudo vai ser um país só? Vinte e sete paí- ses da Europa já se juntaram em uma união. Não dá para a gente saber, por exemplo, se o mundo estará integra- do em uma só unidade geopolítica. Agora, para as pró- ximas décadas, tenho a impressão de que teremos um país integrado socialmente. Vai ter desigualdade, mas não exclusão. Para isso, precisamos que duas coisas se- jam igualmente boas para todos: saúde e educação. O segundo ponto é termos um país presente no mundo, o que vai exigir um bom sistema nacional de ciência, tec- nologia e inovação. O terceiro é sermos um país culto, não só de grandes produções literárias, cinematográfi- cas, teatrais, televisivas, mas nos costumes civilizató- rios. Por fim, que tenhamos um sistema político demo- crático e estável. ■ 35 Revista Indústria Brasileira s para...

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