Revista Indústria - Abril 22

Questionados sobre a percepção acer- ca da alta de preços nos últimos seis meses, 87% afirmam que eles aumentarammuito e 8%, que aumentaram um pouco. Dados di- vulgados pelo IBGE mostram que a inflação em março ficou em 1,62%, a maior para o mês em 28 anos. No acumulado de 12 meses, ela chegou a 11,30%. Com isso, já são sete meses seguidos de inflação rodando acima dos dois dígitos, o que reforça a expectativa do mercado financeiro de que a taxa básica de juros (Selic) será elevada, em 2022, para mais de 13% ao ano. Conforme os dados do IBGE, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesqui- sados tiveram alta em março. A maior va- riação (3,02%) e o maior impacto vieram do setor de transportes. Na sequência, veio o grupo de alimentação e bebidas, com alta de 2,42%. Juntos, os dois segmentos contribuí- ram com cerca de 72% do Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) de março. O aumento de preços registrado pelos in- dicadores de inflação afetou a situação finan- ceira de 76% dos entrevistados na pesquisa feita em abril. Embora o índice seja apenas um ponto percentual acima do registrado há um ano, os dados mais recentes mostram que o total de pessoas que se declaram “mui- to afetadas” passou de 45% para 54%. A expectativa de 75% dos entrevistados é que os preços subam nos próximos seis meses: 43% disseram que eles aumentarão muito e 32% acreditam que aumentarão um pouco. Em relação aos dados de novembro de 2021, houve piora na expectativa. À épo- ca, o índice ficou em 54% (29% falaram em aumentar muito e 25%, em aumentar um pouco). “O mais importante não é a percep- ção, mas sim que as pessoas estejam toman- do decisões de consumo baseadas nessa per- cepção”, comenta Azevedo. Em relação ao salário ou à renda men- sal vinda do trabalho, 50% informam que não houve mudança; 27%, que diminuiu; e 11%, que aumentou, enquanto 8% afirmam ter perdido toda a renda. A maioria dos en- trevistados (64%) precisou reduzir gastos familiares, índice abaixo dos 74% registra- dos em novembro, e o menor percentual desde maio de 2020. Entre quem diz ter reduzido gastos nos últimos seis meses, 49% informam que o corte foi grande ou muito grande, enquan- to 38% classificam a redução como mé- dia. Além disso, 60% dizem que a redução é temporária e 32%, que é permanente – praticamente os mesmos números da pes- quisa de novembro. Questionados sobre o aumento de gas- tos com uma série de bens e serviços nos últimos seis meses, os entrevistados apon- taram com mais frequência a conta de luz (59%), o gás de cozinha (56%), o arroz e o feijão (52%), a conta de água (51%) e o com- bustível (50%). Diante do aumento de pre- ços, 31% dos entrevistados informam que reduziram o consumo de carne vermelha; 29% cortaram a TV por assinatura; 24% sus- penderam refeições fora de casa; 34% para- ram de comprar material de construção; e 23% deixaram de comprar eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Apesar do aumento da inflação, apenas 21% dos entrevistados admitem ter contraí- do algum empréstimo ou dívida nos últimos 12 meses. Entretanto, 47% reconhecem que possuem alguma dívida em atraso. ■ ▶ Marcelo Azevedo (CNI) prevê que a percepção de que os preços aumentarão ainda mais deve inibir o consumo dos brasileiros nos próximos meses 20 Revista Indústria Brasileira ▶ abril 2022 ▼ Capa

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