Revista Indústria Brasileira

23 Revista Indústria Brasileira catalisador da inovação e de outras tec- nologias como a inteligência artificial, a robótica e a realidade aumentada. É uma nova era em termos de soluções e possi- bilidades de ganho de produtividade, sem as quais não há crescimento econômico sustentável. Em relação ao que tange à in- dústria em particular, o 5G pode ser en- tendido como uma tecnologia-chave para a chamada quarta revolução industrial e, consequentemente, para o aumento da produtividade a partir da digitalização das cadeias de valor das diferentes indústrias. O senhor pode dar alguns exemplos ou números a respeito de como isso, de verdade, potencializa outras tecnologias? Precisamos entender que o 5G é uma rede flexível, então não vai ter uma única for- ma de operação. Com a maturação desse ecossistema, vamos nos deparar com uma enorme quantidade de serviços diferentes e requisitos. É uma rede muito mais inte- ligente, com diferentes tráfegos de dados e que, portanto, demanda requisitos dife- rentes. Ao demandar, exige também uma rede mais flexível. Como assim? O 5G tem alguns pilares. O primeiro é aquele conhecido como, no ter- mo em inglês, enhanced mobile broadband . É uma capacidade de transmissão que permi- tirá uma vazão de dados muito mais signifi- cativa e que vai poder impulsionar aplica- ções com realidade aumentada e realidade virtual, de forma que a nossa percepção da- quilo que é instantâneo ganhe uma nova compreensão. No 5G estamos falando de algo entre 0,5 e 10 gigabits por segundo. Quais são os outros pilares? O segun- do está relacionado à Internet das Coisas. O 5G pode ser compreendido como a prin- cipal porta de entrada dessa tecnologia. Se nós pensarmos em estágios de conectivida- de, eu diria que estamos no terceiro. O pri- meiro foi conectar os domicílios: quase 68 milhões com telefonia fixa. Esse era o gran- de desafio ao final da década de 1990, com a desestatização do setor de telecomuni- cações. O segundo estágio foi conectar as pessoas. Deixamos de conectar apenas 68 milhões de residências e passamos a conec- tar quase 210 milhões de habitantes. O ter- ceiro é justamente a conexão das coisas. O 5G entra com um aspecto muito importan- te que é a alta densidade de dispositivos co- nectados que ele permite. De que magnitude estamos falando? O 5G permite um montante massivo de dis- positivos conectados, o que é fundamental para permitir as conexões associadas à In- ternet das Coisas. Sobre densidade de co- nectivos, o 4G permite dez mil dispositivos por quilômetro quadrado. No 5G, estamos falando da possibilidade de um milhão de dispositivos. Isso para as plantas fabris e para a atividade produtiva, que vai ser cada vez mais automatizada, é fundamental. Há mais alguma outra aplicação revo- lucionária? Temos também a aplicação da Internet das Coisas para situações críticas, desde cirurgias remotas até minas opera- das de forma remota. Isso oferece ganhos de produtividade, diminui custos e garan- te mais segurança. Quando começaremos a experimentar esse mundo novo? O 5G pode, inclusive, ser aplicado antes do leilão utilizando faixas dis- poníveis, mas os compromissos relaciona- dos ao edital começam em julho de 2022, principalmente para as capitais dos estados. Há um cronograma para cidades maiores que 500 mil habitantes e depois menores. Evidentemente, as aplicações industriais de- pendem dos requisitos próprios. Por isso, celebramos um acordo de cooperação com a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimen- to Industrial) que deriva de duas questões: bom diálogo institucional e reconhecimen- to da importância do desenvolvimento e da implantação das redes privativas de comu- nicação, notadamente aquelas utilizadas em aplicações em controle logístico, monitora- mento, automação e demais necessidades da indústria 4.0. O resultado é o desenvol- vimento de projetos-piloto para experimen- tação de faixas de frequência e largura de faixas necessárias para aplicação do 5G em ambientes selecionados. Com o tempo, toda essa questão será desenvolvida. ■

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