Revista Indústria Brasileira

14 Revista Indústria Brasileira ▶ abril 2021 ▼ Capa benefícios, conectando e automatizando as diversas linhas de produção. Para o Brasil, isso é excepcional, visto que a nossa indús- tria perdeu competitividade ao longo dos últimos anos. Nós passamos da 5ª posição global para a 29ª em dez anos. Ao menos parte dessa perda pode ser recuperada por meio da tecnologia”, diz Motta. Ele cita como exemplo a fábrica da em- presa em Sorocaba, interior de São Pau- lo, onde funciona o 5G Smart Campus Warehouse, um centro de distribuição in- teligente de 22 mil metros quadrados com uma rede 5G privada, obtida após autoriza- ção da Anatel. “Os impactos forammuito po- sitivos até aqui. O ciclo de produção que an- tes levava 17 horas foi reduzido para apenas sete. Tivemos ganhos gerais de eficiência da ordem de 25%. É esse tipo de ganho que a tecnologia pode proporcionar por meio de automação, dispositivos conectados e uso de sensores”, conta o diretor da Huawei. Na fábrica, segundo ele, foi automati- zado o controle de inventário e a movi- mentação das partes do produto por meio de robôs. “À medida que você tem um con- trole automático de inventário, há maior eficiência no gerenciamento dos seus es- toques e do seu ciclo de produção para atender aos pedidos”, diz Motta. Com isso, funcionários foram retirados de tarefas mais manuais, diminuindo o índice de aci- dentes. “Tudo foi substituído por robôs au- toguiados. Liberamos a mão de obra para operações mais eficientes, melhorando o gerenciamento da entrada das partes no estoque e ciclos de produção para deman- da de saída”, explica. Segundo o diretor da Huawei, “as redes atuais não dão velocidades rápidas, e o 5G, além de conectar as partes de forma mó- vel, permite velocidades mais altas com tempo de resposta mais baixo. Com o 5G, é possível conectar uma diversidade de dis- positivos por metro quadrado que excede a capacidade do sistema 4G. No 4G, você consegue conectar apenas um certo nú- mero de coisas, que é expandido 100 ve- zes mais no 5G”, explica. José Borges Frias Júnior, diretor de Es- tratégia e Desenvolvimento de Negócios da Operating Company Digital Industries da Siemens, ressalta que uma da principais diferenças entre o 5G e as gerações ante- riores de redes celulares é que seu foco é a comunicação máquina-máquina e a In- ternet das Coisas (IoT). “O 5G suporta co- municação com confiabilidade sem prece- dentes e latências muito baixas. Portanto, essa tecnologia abre caminho para a pró- xima era na produção industrial, conhe- cida como indústria 4.0, que visa melho- rar significativamente a flexibilidade, a versatilidade, a usabilidade e a eficiência das futuras fábricas inteligentes”, explica. As novas tecnologias de rede, comenta ele, sempre foram um importante impul- sionador da inovação. O mesmo se aplica ao 5G, que tem um potencial disruptivo para a infraestrutura e a indústria, fun- cionando como um habilitador de auto- mação, robotização móvel, veículos autô- nomos, realidade aumentada, computação na borda, aprendizado de máquina e ou- tras aplicações. Segundo o executivo da Siemens, dados preliminares da consultoria Deloitte mos- tram que o 5G deve, nos próximos dez anos, “ Finalmente, todos entenderam os ganhos que o 5G pode trazer para a sociedade, o que acarreta um certo clima de urgencia” ▲ Paulo Castelo Branco diretor da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee)

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