Revista Indústria Brasileira - Fevereiro 2022
Faltou combustível para crescer INDÚSTRIA DESACELERA NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2021 POR FALTA DE INSUMOS, ALTA DA INFLAÇÃO E QUEDA NA DEMANDA Após um 2020 conturbado devido à pande- mia de Covid-19, quando as indústrias in- clusive fecharam as portas por cerca de dois meses, a expectativa era de grande recupe- ração do setor em 2021. O primeiro semes- tre indicou que esse seria o caminho: empre- go, faturamento e utilização da capacidade instalada cresceram em relação ao ano an- terior. No entanto, os Indicadores Industriais de dezembro, divulgados pela Confedera- ção Nacional da Indústria (CNI), revelam que houve uma desaceleração no segundo semestre de 2021. Isso ocorreu, inicialmente, porque a in- dústria passou a sofrer com a falta de insu- mos. “Mas o principal fator foi a própria de- manda, que caiu por causa da inflação e até mesmo porque o auxílio emergencial dei- xou de existir”, afirma o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo. Ou- tro problema apontado foi a perda de fô- lego da geração de empregos, que vinha crescendo até então. Por tudo isso, grande parte da alta de 2021 se deve ao fato de a comparação ser feita com um ano de desempenho excessi- vamente fraco (2020). A massa salarial real (com ligeira alta de 0,7%) e, sobretudo, o rendimento médio real (com queda de 3,2% no ano), pressionados pela inflação, segui- ram em baixa na maior parte de 2021. As horas trabalhadas na produção re- gistraram a maior alta dos Indicadores Industriais : em dezembro, houve crescimen- to de 3,3% e, no acumulado do ano, avanço de 9,4% sobre 2020. Vale destacar que o pa- tamar desse índice em dezembro de 2021 foi 4,3% superior ao volume de antes da pande- mia (fevereiro de 2020). FATURAMENTO EM ALTA Apesar da queda de 0,3% em dezem- bro de 2021, o faturamento real da in- dústria de transformação encerrou o ano com alta de 3,7% em relação a 2020. Isso se deve, porém, aos dados do primeiro se- mestre, já que, nos últimos meses do ano, foram registradas quedas sucessivas nes- se índice. Em dezembro, o faturamen- to foi 7,5% menor na comparação com o mesmo mês de 2020. O emprego, por sua vez, ficou estável em dezembro e fechou o ano com avanço de 4,1% em relação a 2020. Já a utilização da capacidade instalada terminou 2021 em 79,6%, valor ligeiramente menor que o regis- trado em dezembro do ano anterior e com tendência de queda. “Nós já prevíamos um início de 2022 di- fícil, mas acreditamos num segundo se- mestre com uma demanda mais anima- da, em que a falta de insumos não seja mais um problema generalizado, como enfrentamos no ano passado”, finaliza Marcelo Azevedo. ■ 36 Revista Indústria Brasileira ▶ fevereiro 2022 ▼ Termômetro econômico
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