Revista da Indústria Brasileira

RICARDO ALBAN Empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) O QUE A INDÚSTRIA BRASILEIRA ESPERA DA COP28 são alguns dos instrumentos que devem ga- rantir a efetividade e a transparência do moni- toramento do GST. As negociações sobre esses e outros temas da COP28 serão acompanhados de perto pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Como tem feito nos últimos anos, a CNI defenderá, em Dubai, o posicionamento do setor industrial bra- sileiro sobre a agenda do clima e apresentará as iniciativas das empresas para reduzir as emis- sões de gases de efeito estufa. Nossa expectativa é que, durante a Confe- rência, os países ricos apresentem propostas concretas para mobilizar os US$ 100 bilhões ao ano prometidos para o financiamento climáti- co nas nações em desenvolvimento. Além disso, esses países devem se comprometer com uma novameta de recursos, com cronograma, instru- mentos e normas de acesso aos financiamentos. Na avaliação da CNI, o Brasil precisa partici- par ativamente desses debates, pois a disponi- bilidade de recursos e os financiamentos inter- nacionais são fundamentais para ampliarmos os investimentos em tecnologias de baixo carbono. Outro ponto relevante da COP28 será a agenda de adaptação às mudanças do clima. A indústria brasileira defende que a meta global deve considerar a Estratégia Nacional de Adap- tação, que mapeia as vulnerabilidades e os im- pactos da mudança do clima de acordo com a realidade de cada país. A ferramenta é ideal, porque permite a construção de ações apro- priadas e a identificação do volume de crédito necessário para o enfrentamento do problema. A CNI espera, ainda, que a Conferência de- fina pontos essenciais para a implantação do mercado global de carbono. Um deles é o arti- go que trata da transação de emissões de gases de efeito estufa entre os países e o registro das trocas nas metas nacionais. Essas regras são im- portantes, pois devem valorizar os esforços das empresas e os recursos naturais do nosso país. A indústria brasileira, que tem feito inves- timentos significativos na descarbonização da produção e no cuidado com o meio ambiente, acredita que as decisões da COP28 devem ace- lerar a transição para a economia verde. Para o Brasil, os avanços na agenda climática são es- senciais para a neoindustrialização e para ini- ciarmos um ciclo de crescimento econômico robusto e duradouro, baseado na sustentabi- lidade e na inclusão social. Os dados publicados por renomados cien- tistas indicando que 2023 pode ser o ano mais quente da história reforçam a necessidade de intensificarmos o combate ao aquecimento glo- bal. Também confirmam a importância de acele- rarmos as ações voltadas à adaptação e à redu- ção dos impactos de secas, enchentes, ondas de calor e frio intensos e outros fenômenos extre- mos, que vêm causando enormes prejuízos so- ciais e econômicos em todo o mundo. A dimensão do esforço que devemos fa- zer ficarão mais claros com o Global Stocktake (GST). O relatório traz o primeiro balanço dos avanços alcançados no cumprimento do Acor- do de Paris e será apresentado na 28ª Conferên- cia das Nações Unidas sobre as Mudanças do Cli- ma, a COP28, que ocorrerá em Dubai, entre 30 de novembro e 12 de dezembro. Há indicações de que o GTS mostrará que o progresso feito até agora é insuficiente para os países atingirem as metas de redução das emissões de gases de efeito estufa. Na nossa visão, a Contribuição Nacionalmente Determi- nada do Acordo de Paris, que precisa ter uma estratégia de ação definida, e o Inventário Na- cional de Emissões de Gases de Efeito Estufa 6 7 Revista da Indústria Brasileira #083 ARTIGO DO PRESIDENTE

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