Revista da Indústria Brasileira

EXEMPLO PARA O MUNDO NEGOCIADOR-CHEFE DO BRASIL PARA A COP28 FALA SOBRE CONQUISTAS RECENTES DO BRASIL QUE SERÃO COMPARTILHADAS NO ENCONTRO EM DUBAI Outros temas em discussão Nós vamos ter outros grandes temas de ne- gociação. Um dos mais falados é a questão de perdas e danos, que evoluiu de maneira positiva. Outro tema importante diz respei- to às adaptações às mudanças climáticas. O Brasil está chegando a Dubai numa situação interna muito confortável, com resultados na redução do desmatamento. O governo atual claramente está levando em conside- ração a mudança do clima como um dos te- mas principais. O Brasil chega numa situação muito especial, com iniciativas específicas e, contrariamente à maioria dos países, lidan- do diretamente com o seu maior problema, que é o desmatamento. Mas o Brasil não che- ga à COP28 apenas com uma política interna muito bem-sucedida em relação às florestas. Amazônia O Brasil também chega com um trabalho muito forte de coordenação entre os paí- ses amazônicos. Vamos chegar com várias propostas, porque o Brasil está expandindo essa coordenação com os demais países que têm florestas tropicais. Nós estamos conver- sando com 80 países que têm florestas tropi- cais, para assegurar, como diz o presidente Lula, que esse tema seja debatido não só na convenção do clima, mas também em outros contextos e a partir do que pensam aqueles países que têm essas florestas, não a par- tir do que pensam outros países, doadores mais ativos. A visão do Brasil é de que os países florestais devem pautar esse debate, e não os países doadores. A gente tem que inverter um pouco a situação. O Brasil tam- bém vai defender a ciência como elemento essencial para guiar as negociações. A Ama- zônia é particularmente sensível, como to- dos sabemos e podemos ver, com a seca que está ocorrendo no momento. “O BRASIL ESTÁ CHEGANDO A DUBAI NUMA SITUAÇÃO INTERNA MUITO CONFORTÁVEL, COM RESULTADOS NA REDUÇÃO DO DESMATAMENTO” André Corrêa do Lago Principal mensagem brasileira O Brasil tem uma mensagem muito clara de como umpaís emdesenvolvimento pode trilhar vários ca- minhos diferentes. Temos vários exemplos de esfor- ços para reduzir os impactos da mudança do clima, quer seja na área de energia, quer seja na área de agricultura, quer seja em outras áreas. O Brasil tem uma mensagem sobre a mudança do clima em pra- ticamente todas as áreas. Aliança entre sustentabilidade e desenvolvimento econômico Sim. Essa também será uma negociação muito eco- nômica, sobre como os países conseguirãomanter o seu desenvolvimento, manter o seu padrão de vida ou manter as suas ambições, levando em conside- ração a mudança do clima. E o Brasil tem várias res- postas interessantes nessa área, que a gente pode levar e que o presidente Lula conhece muito bem. É o caso, por exemplo, dos biocombustíveis, área na qual o Brasil avançou de maneira extraordinária e que hoje se tornou uma alternativa. Ela é, inclusive, a única alternativa oficialmente aprovada nas Na- ções Unidas para a redução de emissões na aviação. Como o Brasil pode se beneficiar economicamente na transição energética O Brasil tem um potencial de aumento na produção de energia limpa que pode trazer imensos investi- mentos para o país, especialmente coma nova indus- trialização baseada em energia limpa. Portanto, os produtos feitos no Brasil terão outro nível de susten- tabilidade. Somos, certamente, o país quemais tem alternativas interessantes para apresentar aomundo. Outra coisa importante é o retorno da sociedade ci- vil, do setor privado, dos governos subnacionais, que vão dividir omesmo pavilhão como governo, ao con- trário do que aconteceu nos últimos anos. Eu acho que, desta vez, a gente está abraçando a sociedade como um todo, o Brasil na sua diversidade. Isso vai ser novamente uma tradição do governo brasileiro. O embaixador André Corrêa do Lago, secre- tário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores e nego- ciador-chefe do Brasil para a COP28, afirma que o país temmensagens sobre a mudança do clima para apresentar na COP em relação a praticamente todas as áreas, como energia ou agricultura. “É o caso, por exemplo, dos biocombustíveis, área na qual o Brasil avançou demaneira extraordinária e que hoje se tor- nou uma alternativa. Ela é, inclusive, a única alter- nativa oficialmente aprovada pelas Nações Unidas para a redução de emissões na aviação”, disse ele, em entrevista coletiva no dia 20 de novembro. Leia a seguir outros destaques dessa entrevista. Principal objetivo da COP28 O objetivo principal é aprovar o Balanco Glo- bal (Global Stocktake – GST). É o primeiro ba- lanço desde a assinatura do Acordo de Paris. O texto vai mostrar o que foi conseguido nos oito primeiros anos de vigência do documen- to. Há, também, a expectativa de que seja dis- cutida, na COP28, uma nova estrutura para financiar as ações relacionadas às mudanças climáticas. Depois disso, na COP30, que será emBelém (PA), os países apresentariam suas novas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas, na sigla em inglês). A gente diz que a COP30 começa na COP28, porque é essencial ter êxito nas negociações desde já. 23 22 Revista da Indústria Brasileira #083 ENTREVISTA ANDRÉ CORRÊA DO LAGO

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