Revista da Indústria Brasileira
Os dados mais recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, entre agosto de 2022 e julho de 2023, a taxa de des- matamento na Amazônia caiu em 22,3%, para 9.001 km 2 . Entre agosto de 2021 e julho de 2022, a área des- matada foi de 11.594 km 2 . Em junho, o governo fede- ral anunciou um conjunto de medidas para zerar o des- matamento na região até 2030. MERCADO DE CARBONO Outro ponto importante para a indústria, de acor- do comMuniz, são as regras para o mercado de carbo- no. Embora as duas últimas COPs (COP26 e COP27) te- nham chegado a um consenso sobre algumas regras do artigo 6 do Acordo de Paris, que trata sobre o tema, há itens ainda emdiscussão, que vão demandar aten- ção na COP28, segundo o documento da CNI. É o caso do artigo 6.2, que permite que os países troquem entre si os chamados Resultados de Mitigação Internacionalmente Transferidos (ITMOs, na sigla em inglês). Isso significa que os resultados da redução de emissões de GEE de um país poderão ser transfe- ridos para outro, que poderá contabili- zar esses valores em sua meta nacional. Neste ano, estará em discussão a necessidade de vincular os registros na- cionais ao registro internacional, permi- tindo um sistema global de acompanha- mento dos ITMOs. Nesse sentido, a CNI defende que o Brasil tenha “especial aten- ção no contexto de criação de ummercado de carbono nacional”. Outro ponto é o artigo 6.4, que permitirá ao setor privado investir em projetos de redução de GEE e criação de créditos, que poderão ser comercializados no futuro merca- do de carbono global ou abater metas de redução de emissões estabelecidas por meio das NDCs. FINANCIAMENTO Muniz diz que há a expectativa de que os países desenvolvidos apresentem, na COP28, propostas concretas para for- necer US$ 100 bilhões por ano para as na- ções em desenvolvimento. Ele acrescen- ta que uma nova meta de financiamento deve ser discutida, inclusive com os de- talhes para garantir a sua consolidação, como cronograma, tipos de financiamen- to, instrumentos e fontes de acesso. Nes- se caso, segundo a CNI, o Brasil deve ter maior engajamento para participar dos debates e contribuir com a consolida- ção da nova meta, considerando a rea- lidade do país e as principais necessida- des de financiamento. ADAPTAÇÃO À MUDANÇA DO CLIMA Já na agenda de adaptação, a CNI recomenda que seja tratada com equi- dade com a agenda de mitigação, consi- derando que o Brasil também tem gran- des vulnerabilidades climáticas. Durante a COP27, foi criado um programa de tra- balho para tratar sobre o Objetivo Global de Adaptação, mas ficou decidido que ele se estenderia por mais um ano, com a sua conclusão prevista para a COP28. Em âmbito nacional, a entidade defende o desenvolvimento da Estraté- gia Nacional de Adaptação para subsi- diar esse processo e definir as melho- res estratégias de enfrentamento para o país, além das necessidades de finan- ciamento climático. EXEMPLOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA Vivian MackNight, gerente de Mudan- ças Climáticas da Vale, lembra que esse fe- nômeno, conforme vem sendo apontado no Relato de Riscos Globais do Fórum Eco- nômico Mundial há quase uma década, está entre os principais riscos globais para a so- ciedade e para as cadeias produtivas, no mundo inteiro. “Essa realidade também se reflete na preocupação das partes inte- ressadas e na materialidade da Vale. Nesse sentido, é nossa prioridade promover uma mineração de baixo carbono, que contribua com toda a cadeia de valor, tornando nos- so negócio resiliente aos efeitos das mu- danças climáticas e contribuindo com uma transição justa”, diz. Entre os esforços feitos pela Vale, ela cita o desenvolvimento de soluções alter- nativas para os processos minerais e me- talúrgicos, importantes fontes de emissão de GEE. “Destaco o fato de a Vale ter pro- duzido, pela primeira vez em escala indus- trial, uma pelota [aglomerado de minério de ferro usado na fabricação de aço] com qualidade comercial, sem o uso de carvão antracito. O teste, realizado em março de 2023, substitui 100% do combustível fós- sil por biocarbono no processo de queima da pelota. O biocarbono é um produto re- novável, obtido através da carbonização de biomassa e, portanto, de baixa emis- são”, explica Vivian. Também foram feitos investimen- tos em novos produtos e tecnologias, como o briquete de minério de fer- ro, além de testes com locomotivas de pátio e caminhões elétricos de pe- queno por te e estudos sobre uso de “É NOSSA PRIORIDADE PROMOVER UMA MINERAÇÃO DE BAIXO CARBONO, QUE CONTRIBUA COM TODA A CADEIA DE VALOR” Vivian MackNight (Vale) 13 12 Revista da Indústria Brasileira #083 CAPA
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