RIB - Outubro 2023
O FUTURO CHEGOU HÁ MAIS DE UMA DÉCADA, INSTITUTOS SENAI DE INOVAÇÃO AJUDAM A COLOCAR A INDÚSTRIA BRASILEIRA NA VANGUARDA TECNOLÓGICA MUNDIAL O desafio da usina hidrelétrica Dona Francisca (DFESA) era grande e com- plexo: monitorar continuamente sua barragem de 50 metros de altura (equivale a um edifício de 20 andares) e 500 metros de comprimento de forma segura e eficiente, tor- nando a análise de riscos e a tomada de deci- sões mais ágeis e confiáveis, e sem colocar em risco nenhuma vida humana. A solução foi possível graças a uma par- ceria com o Instituto SENAI de Inovação (ISI) em Sistemas Embarcados, de Florianópolis- -SC: a inspeção passou a ser feita por dro- nes. Surgia assim o projeto Barragem 4.0 , que contou ainda com o apoio da Universida- de Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da UpSensor, da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) e da Empresa Brasileira de Pes- quisa e Inovação Industrial (Embrapii). Paulo Kafer, dono da DFESA, explica como eram os riscos envolvidos no monitoramento da barragem, que fica no rio Jacuí, no centro do Rio Grande do Sul, com capacidade de ge- ração de 125 MW. “Os engenheiros especializa- dos iam de degrau em degrau, comGPS numa mão e máquina de fotografia na outra. Quando identificavamuma trinca no concreto, fotogra- favam, demarcavam o local e continuavam su- bindo. Claro que tinha o equipamento de segu- rança, mas ainda assim era um risco altíssimo. Imagina se o profissional tem um mal súbito? Ele vai ficar pendurado no cinto. Era uma ati- vidade de altíssimo risco e agora ficou muito melhor, em todos os sentidos”. Isso ocorre porque os riscos geotécnicos, ambientais e hidráulicos a que uma barragem está sujeita demandammonitoramento e con- trole não apenas da água armazenada ou do fluxo, mas tambémde estruturas de armazena- mento, reservatórios, fundação e ombreiras. São inúmeras variáveis mensuradas, comparadas e gerenciadas, por causa da imensa pressão que exercem os bilhões de litros de água, além das variações de temperatura existentes. Isso tudo pode resultar emmovimentações na barragem. A inovação desenvolvida permitiu uma inspeção mais segura e eficiente. O drone faz um monitoramento aéreo e captura, de uma única vez, 10 mil fotos em alta resolução. De- pois, um software as organiza e as compara automaticamente com imagens anteriores para identificar trincas minúsculas e falhas na estrutura, e um algoritmo de reconheci- mento de danos sinaliza regiões com anoma- lias detectadas. Graças ao uso de inteligência artificial, o sistema também aprende a identi- ficar (ou descartar) problemas significativos ou não ao longo do tempo, garantindo avalia- ção contínua. “Antes, não conseguíamos de- tectar trincas menores, pois não seriam vi- síveis a olho nu, mas para uma máquina de altíssima definição, sim”, explicou Paulo. 35 Revista da Indústria Brasileira #082
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