Revista Indústria - MARÇO/2022

“Estamos na contramão de países de- senvolvidos, que reconhecem o papel do Estado no fomento à inovação, à ciência e à tecnologia. Os frutos de um ambiente na- cional mais aberto para a inovação são co- lhidos pela própria sociedade, com aumen- to da qualidade de vida das pessoas, redução do custo da tecnologia e criação de empre- gos melhores. Por isso, o Brasil precisa, ur- gentemente, de uma estratégia de inovação de longo prazo”, avaliou Andrade durante o 9º Congresso Brasileiro de Inovação da In- dústria , promovido pela CNI e pelo Servi- ço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Segundo ele, as adversidades inéditas tra- zidas pela pandemia de Covid-19 reforçaram a importância da inovação para a retomada do crescimento econômico e para a melhoria da qualidade de vida da população. Andrade defendeu, ainda, que o desafio da inovação no Brasil seja compartilhado entre poder pú- blico e iniciativa privada. “O esforço dos se- tores público e privado para estimular o de- senvolvimento tecnológico é imprescindível para aumentar a produtividade, acelerar o crescimento econômico e promover o bem- -estar da população brasileira”, disse. INVESTIMENTO EM PESSOAL Os dados da pesquisa da CNI mostram que 73% das empresas entrevistadas inova- ram em 2020 – o que significa alta de cinco pontos percentuais em relação a 2019, quan- do 68% dessas empresas informaram ter de- senvolvido algum produto ou processo novo. Questionadas sobre as principais razões para não investir em P&D, as entrevistadas apontaram custos de implementação muito elevados e a existência de outras estratégias relevantes para a competitividade, seguidos por falta de pessoal qualificado na empresa e falta de linhas de financiamento adequadas. O levantamento revela que a maior par- te dos investimentos em inovação é destina- da a pessoal – em média, 57% dos dispên- dios entre as empresas ouvidas. Já 20,6% vão para despesas de capital, e 22,6%, para ou- tras despesas correntes. Emmédia, 19% da receita líquida de ven- das das empresas resultaram do lançamen- to de um produto inovador: crescimento de dois pontos percentuais em relação ao ano anterior. Por outro lado, o percentual médio de investimento em P&D em relação à recei- ta líquida de vendas das empresas caiu de 2,4%, em 2019, para 2%, em 2020. Segundo a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, pode haver um descompas- so entre a taxa de inovação e o investimen- to em P&D, pois as inovações podem ser resultado de atividades de pesquisa e desen- volvimento realizadas em anos anteriores. Além disso, nem toda inovação deriva ex- clusivamente do investimento em pesquisa e desenvolvimento. De todo modo, segun- do ela, é razoável supor que o quadro eco- nômico deva ter contribuído para a queda observada de 2019 para 2020, período que coincide com o início da pandemia. A pesquisa da CNI também identificou que 51,1% das empresas cooperaram com outra organização no setor de P&D, o que de- monstra a importância da inovação aberta em suas estratégias. Esta consiste na união entre empresas ou entre uma empresa e uma instituição, universidade ou startup. Clientes e consumidores foram citados como os mais importantes parceiros para a cooperação. Na sequência, aparecem: os fornecedores de equipamentos e insumos; as universidades e os institutos de pesqui- sa; outras empresas do grupo; e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SE- NAI). Além disso, as empresas consultadas apresentaram, em média, 117 pessoas em- pregadas em atividades de P&D em 2020. ■ 20 Revista Indústria Brasileira ▶ março 2022 ▼ Capa

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